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Notícias / Polônia

Local para ritual judaico é encontrado em porão de clube de strip na Polônia

Clube fechado há 15 anos abrigava local para banho judaico que acredita-se ter sido usado antes da Segunda Guerra

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 31/08/2023, às 12h05

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Mikveh encontrado em porão de clube de strip na Polônia - Ofer Adaret/Haaretz
Mikveh encontrado em porão de clube de strip na Polônia - Ofer Adaret/Haaretz

Fora de atividade há 15 anos, o clube de strip polonês Sphinx foi comprado por Marian Zwolski, um empresário de Chmielnik. Quando entrou no clube, se deparou com verdadeiras relíquias do passado, como uma placa de Heineken na parede, um poste de pole dance no meio do salão e a coleção de decorações com temas do Egito antigo.

Mas a surpresa maior aconteceu quando ele abriu o porão do local. Por lá havia um mikveh — um banho imersivo de ritual judaico que é, tradicionalmente, usado para purificação. O do clube, inclusive, ainda estava com água.

Mikveh encontrado em porão de clube de strip na Polônia/ Crédito: Ofer Adaret/Haaretz

Além disso, os azulejos azuis e brancos originais, e as estrelas de David que decoravam as paredes, ainda eram visíveis em alguns pontos. Uma sala vizinha ainda tinha um mikveh menor, provavelmente usado por mulheres

É surpreendente", disse Meir Bulka, um defensor da preservação da herança judaica na Polônia, numa entrevista ao Haaretz na última semana. "Você entra no porão e está em outro mundo. É como uma cápsula do tempo."

Judeus em Chmielnik

Ainda não está claro qual a idade do mikveh que foi achado recentemente, mas acredita-se que ele seja anterior à Segunda Guerra Mundial. Como todos sabem, a Polônia foi o principal alvo nazista antes mesmo do estopim conflito.

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O All That Interesting aponta que a cidade de Chmielnik tinha uma população de cerca de 10 mil habitante durante o período, sendo que 80% dos moradores da região eram judeus. Quando a Guerra acabou, porém, apenas quatro deles sobreviveram.

Chmielnik foi colonizada por judeus sefarditas que fugiram da Inquisição espanhola na década de 1630, relata o Ancient Origins. Por lá, a comunidade judaica construiu uma sinagoga e prosperou ao longo dos séculos 18 e 19, tendo uma importante contribuição para a economia e cultura da cidade.

Entretanto, como a Polônia foi invadida em 1939, as figuras judaicas locais foram presas e levadas a uma 'sala de estudos', onde foram incendiados. Os sobreviventes foram condenados a trabalhos forçados no gueto de Chmielnik.

Em 1942, o gueto foi extinto e centenas de residentes foram assassinados. Outros judeus foram enviados para Treblinka — o segundo campo nazista mais mortífero, atrás apenas de Auschwitz. Por lá, estima-se que entre 700.000 e 900.000 judeus tenham sido assassinados; sendo eles de maioria polonesa.

Com o achado, o empresário espera transformar o local em um museu ou atração turística. "Nasci e cresci aqui, então me preocupo com a história do lugar. Não quero que desapareça".

Encorajo as pessoas a lembrarem-se do passado e também convido vocês, os judeus, a preservá-lo e garantir que seja comemorado", finalizou.