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Matérias / Thomas Geve

Thomas Geve: O menino que desenhou os horrores de Auschwitz

Após passar 22 meses preso em três campos de concentração, Thomas Geve, então com 15 anos, retratou o Holocausto com ajuda de papel e lápis de cor

Texto e entrevista: Fabio Previdelli/ Tradução: Isabelly de Lima

por Texto e entrevista: Fabio Previdelli/ Tradução: Isabelly de Lima

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 26/04/2023, às 09h56 - Atualizado em 27/01/2024, às 10h12

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Desenho de Auschwitz-Birkenau feito por Thomas Geve - Divulgação/ Alta Life Editora
Desenho de Auschwitz-Birkenau feito por Thomas Geve - Divulgação/ Alta Life Editora

Era 11 de abril de 1945 quando o campo de concentração de Buchenwald foi ocupado pelas tropas norte-americanas. Um dos maiores centros criados pelos nazistas, Buchenwald aprisionou aproximadamente 250 mil pessoas, de diversos países europeus, entre julho de 1937 até aquele presente momento.

Do número, aponta a Enciclopédia do Holocausto do United States Holocaust Memorial Museum, sabe-se que pelo menos 56.000 do gênero masculino foram assassinados — entre eles, 11 mil judeus. 

Quando combatentes da Terceira Divisão do Exército Americano por lá chegaram, havia mais de 21.000 pessoas esperando por serem resgatadas. Thomas Geve era uma delas. 

Durante 22 meses, Thomas Geve, até então com 15 anos, havia passado por três campos de concentração e diversos momentos de incerteza. Havia perdido amigos, familiares, mas jamais a vontade de viver. 

Das mãos de uma criança, o mundo pode enxergar os horrores do Holocausto. Thomas Geve foi responsável por fazer cerca de 80 desenhos dos diversos momentos vividos. "Não queríamos esquecer", narra o sobrevivente, hoje com 94 anos, em 'O Menino que Desenhou Auschwitz', publicado no Brasil pela Alta Life Editora.

Capa de 'O Menino que Desenhou Auschwitz' e foto de Thomas Geve/ Crédito: Divulgação/ Alta Life Editora e Arquivo Pessoal

"Pelo contrário, sentimos uma urgência em documentar o que testemunháramos, registrar isso em papel e contar às pessoas a respeito. Se nós, que havíamos passado por aquilo, pensei, não revelássemos a verdade amarga, as pessoas simplesmente não acreditariam na extensão da maldade nazista. Queria compartilhar não apenas os horrores, mas nossas vidas, os eventos cotidianos e nossa luta pela sobrevivência", disse ele ao site Aventuras na História.

A vida até o campo

Nascido no outono de 1929, em Stettin, no Báltico, perto do rio Oder, na Alemanha (onde hoje é parte da Polônia), Thomas Geve (pseudônimo usado pelo sobrevivente do Holocausto), é filho de Julius Goetz, médico que serviu brevemente na Priemira Guerra Mundial, e Berta Cohn.

Em agosto de 1939, Julius se mudou para a Inglaterra na promessa de levar sua família para lá o mais rápido possível. A Guerra, porém, estourou semanas depois, deixando todos os judeus presos no país. Thomas e sua mãe procuraram um nova vida ao se mudarem para Berlim. 

Thomas Geve quando criança/ Crédito: Divulgação/ Alta Life Editora 

Quando o nazismo alcançou sua maturidade, Thomas ainda era uma criança que só queria descobrir a vida. Mas que logo precisaria se tornar homem. A perseguição contra seu povo já era constante desde que Hitler se tornou chanceler em 1933. Mas a face da crueldade ainda estava oculta para muitos. 

Após o fechamento das escolas judaicas, em 1942, Thomas Geve foi forçado a trabalhar no cemitério judeu em Berlim-Weissensee. A curiosidade florescia no jovem de apenas 13 anos e superava as barreiras das restrições impostas pelos nazistas. Os judeus deviam ficar em suas casas. Thomas só queria conhecer o mundo. 

A continuação das suas privações se estendeu em junho de 1943, quando o jovem judeu foi deportado ao lado de sua mãe para o campo de Auschwitz-Birkenau. Os dois fizeram parte do Transporte 39, um dos últimos a deixar Berlim; chegando no campo em 29 de junho de 1943.

Thomas Geve quando criança/ Crédito: Divulgação/ Alta Life Editora 

"Acho que demorei cerca de um mês para entender completamente a vida no campo. Muitas coisas foram mantidas sob o véu do sigilo e eram confidenciais para os prisioneiros. Levou tempo para conhecer e entender profundamente a vida por lá", explica Geve em entrevista exclusiva à equipe do site do Aventuras. 

Outro obstáculo a ser superado foi a comunicação. Preso com pessoas de diferentes países, o alemão judeu teve de se desdobrar para entender os diversos idiomas e vencer a desconfiança entre as pessoas que eram estranhas umas às outras. 

"Felizmente eu falava alemão — uma coisa muito valorizada no acampamento" salienta, "e também ser jovem me ajudou, pois, as pessoas estavam mais abertas para conversar comigo e compartilhar informações".

O sobrevivente também explica que a troca de informações entre recém-chegados e prisioneiros veteranos eram sempre de suma importância. Enquanto o primeiro grupo queria informações vitais sobre a vida no campo de concentração, o segundo ansiava por saber como estava o mundo exterior. 

Eu era jovem e determinado a aprender o que me cercava, pois a vida em Berlim durante os anos de guerra me ensinou o valor desse conhecimento. Eu sabia que tinha que aprender o mais rápido e o máximo possível sobre a vida no campo para sobreviver", conta. 

Milagre em Auschwitz

Entre todas as pessoas que viu por Auschwitz, Thomas aponta que judeu polonês de aparência eslávica era o mais jovem entre eles: tinha por volta de 12 anos. Juntamente com seus quatro primos, todos de aparência miúda, os jovens foram escolhidos pela SS para serem mensageiros dos campos, popularmente conhecidos como "corredores". 

Certo dia, Thomas recorda que foi abordado por um jovem alto e amigável chamado de Pole — mais tarde identificado como Jozéf Cyrankiewicz, que viria a ser primeiro-ministro da Polônia. O visitante lhe entregou um pedaço de papel que mudaria para sempre sua vida em Auschwitz

"Desdobrado parte por parte, a folha manchada revelou uma mensagem escrita a lápis. Vi as palavras ao final que assinavam. Não havia dúvidas; elas diziam: 'Sua Mãe'", relata o sobrevivente em 'O Menino que Desenhou Auschwitz'

O breve bilhete foi um sopro de ânimo. Embora não se encontrasse com a matriarca desde que chegara no campo, Geve jamais havia abandonado a esperança que ela continuasse viva.  

"Foi a experiência mais próxima de um milagre que eu tive naquele buraco dos infernos", escreveu Geve em seu livro sobre a experiência de reencontrar a matriarca. "Havia dois motivos para o regozijo. Alguém tinha encontrado minha mãe — que é certamente o ser humano mais querido para cada um de nós — e algum nobre estranho tinha arriscado sua vida para contrabandear uma mensagem vinda do campo das mulheres em Birkenau". 

A mensagem recebida pelo jovem Thomas dizia que um grupo de mulheres passaria por seu campo na próxima semana — tempo esse que o sobrevivente relatou como "uma espera quase intolerável e de muitas perguntas". 

"Como trabalhávamos", desenho de Thomas Geve que mostrava a vida em Auschwitz/ Crédito: Divulgação/ Alta Life Editora 

Quando o grande dia chegou, Thomas Geve teve mais um choque de realidade: as mulheres glamourosas que ele esperava ver eram prisioneiras "miseráveis" como ele. Apenas "veteranas exaustas". 

O encontro, que durou cerca de 15 segundos, porém, foi fundamental para o jovem judeu retomar a esperança. No breve período, relata que conseguiu roubar um beijo da matriarca e segurar sua mão. Ela lhe presenteou com um pedaço de pão. 

Mais de sete décadas depois, Thomas conta à equipe do Aventuras a sensação que teve aquele dia. "Ver minha mãe novamente, ouvir sua voz e sentir o toque de sua mão teve um efeito muito poderoso em mim, obviamente". 

Isso me encorajou profundamente e fortaleceu minha determinação de sobreviver às dificuldades diárias e lidar com os perigos e desafios que fizeram parte da minha vida por 22 meses nos campos", aponta. 

Berta Cohn, a prisioneira de número 47452 trabalhou certo tempo na fábrica do Sindicato. Como tradutora, ela também ajudou na organização da resistência. A última vez que Thomas ouviu falar de sua mãe foi em junho de 1944. Ela faleceu no Holocausto, mas Geve só soube disso após sua libertação. 

Luta pela liberdade

Em 27 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho libertou Auschwitz — data que, devido a sua importância, passou a ser lembrado como 'Dia Internacional da Lembrança do Holocausto'

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Thomas, no entanto, foi um dos inúmeros prisioneiros transferidos para o campo de Gross-Rosen nas chamadas Marchas da Morte. Com a aproximação dos Aliados, os nazistas tiveram que deslocar os prisioneiros para outros campos de concentração. 

A solução encontrada foram fazê-los se locomover a pé. Em partes, o processo foi usado pelos nazistas não só para economizarem combustível e carros — visto que os veículos já não estavam disponíveis em tanta fartura como outrora —, mas também para promover a morte em massa das vítimas. 

"Seleção para a morte", desenho de Thomas Geve sobre a seleção feita entre os prisioneiros que continuaram no campo e os que iriam para as câmaras de gás/ Crédito: Divulgação/ Alta Life Editora 

Os oficiais da SS receberam ordens para eliminar o maior número de sobreviventes possíveis, mas deviam evitar cometer atos bárbaros, com o intuito de não serem incriminados. Thomas, por exemplo, foi obrigado a andar por 65 quilômetros entre Auschwitz até Loslau — trajeto pelo qual se deparou com inúmeras perdas. 

A passagem por Gross-Rosen durou até a última semana de janeiro, quando Thomas e outros prisioneiros foram deslocados para Buchenwald — situado no atual estado livre de Turíngia, no Leste da Alemanha. 

Com a libertação do campo, semanas depois, Thomas passou a viver um sonho que até então parecia utópico: o de ser livre. Entretanto, teve de passar outros dois meses no campo para recuperar sua saúde e trabalhar em seu projeto de desenhar tudo que havia vivido — iniciado após receber cartões postais, usando-os de papel, e sete lápis curtos e coloridos.

"Retratar a vida escura, triste e sem cor nos acampamentos em todas as sete cores do arco-íris fez meu coração se alegrar e me estimulou. Essas criações, em homenagem e memória de meus amigos e camaradas, tornaram-se outra preciosa vitória", narra no livro. 

Ao AH, Thomas Geve conta que os desenhos foram a forma dele descrever sua vida ao longo dos 22 meses em que passou pelos três campos de concentração. “Experiências que não conseguiria descrever em palavras”. 

Os desenhos descreviam a vida como ela era, para mim e para quem vivenciou os acampamentos comigo. Eu os desenhei principalmente para compartilhar com meus pais, que eu esperava encontrar depois que a guerra acabasse — era o que eu pensava", diz. 

O sobrevivente relata que, naquela época, ainda não havia percebido a importância histórica de seus desenhos. "Foi uma vontade pessoal de colocar tudo no papel. Mais tarde, quando voltei para a escola e concluí meus estudos, também pude acrescentar meu testemunho por escrito". 

"Estamos livres", desenho feito por Thomas Geve sobre a libertação de Buchenwald/ Crédito: Divulgação/ Alta Life Editora 

Após a Guerra, Thomas Geve conta que passou a enxergar um infinito de possibilidades para seu futuro. Junto de outros 400 garotos adolescentes, todos sobreviventes de campos de concentração, ele aceitou o convite do governo suíço para passar um período de seis meses no país. 

"Quando cheguei com cerca de uma centena de outros meninos sobreviventes para recuperação em Zugeberg, um internato na Suíça, os professores que viram meus desenhos decidiram encorajar os outros meninos a desenhar suas experiências", explica. 

"O conceito de arteterapia ainda não existia naquela época, mas todos provavelmente entenderam que o desenho pode nos dar uma maneira importante e simples de expressar o que passamos e talvez também liberar algumas das feridas do passado por meio dele", aponta Geve

De todos os desenhos que fez, Thomas considera o intitulado "Na Rampa" como o mais significativo entre eles. A imagem, que pode ser vista logo abaixo, retrata o processo de seleção assim que os prisioneiros chegam ao campo de Auschwitz-Birkenau: "conseguindo trabalhar ou não, éramos sentenciados à vida ou à morte na chegada", diz a descrição. 

'Na Rampa' desenho feito por Thomas Geve/ Crédito: Divulgação/ Alta Life Editora 

"Este desenho, retratando a chegada do povo a Auschwitz, sendo retirado dos trens para o processo de seleção, é, a meu ver, um dos mais significativos e tristes de meus desenhos. Os soldados da SS classificam os inocentes que chegam em 3 grupos: homens para o trabalho, mulheres para o trabalho e, no meio, as crianças (geralmente todas menores de 15 anos), os idosos, os doentes, os deficientes e os fracos, que ainda não sabem que dentro de horas eles serão enviados para a morte", explica sobre sua ilustração. 

"Todos os seus bens são deixados para trás e serão saqueados. A situação em que as pessoas tiram a propriedade e a liberdade de outras pessoas em um instante e as separam para trabalhos forçados ou para a morte imediata, pessoas inocentes cujo único pecado foi serem diferentes delas — é, a meu ver, um dos momentos mais tristes da história da Humanidade. Este desenho foi escolhido muitas vezes para fins educacionais e memoriais em todo o mundo. Também foi estampado na parede do Pavilhão Judaico do Museu de Auschwitz", completa. 

O reencontro 

Enquanto ainda se recuperava na Suíça, Thomas Geve recebeu a ajuda da Cruz Vermelha para localizar seu pai. O reencontro aconteceu em 17 de novembro de 1945 — após seis longos anos de separação. 

"A guerra nos mudaram tanto que levamos certo tempo para nos reconhecermos", relata em 'O Menino que Desenhou Auschwitz'. "O cabelo de meu pai estava grisalho, e eu não era mais o garotinho de 9 anos de idade do qual ele se despedida na estação de trem Postdamer, em Berlim, no verão de 1939". 

"Agora, enquanto finalmente nos abraçávamos, ocorreu-me que eu estava recuperando uma parte de mim mesmo que, na verdade, não achava que algum dia conseguiria fazê-lo". 

Thomas prosseguiu na Inglaterra durante os quatro anos seguintes, onde se formou no Ensino Médio e conquistou seu diploma universitário em engenharia. Em seu aniversário de 20 anos, recebeu um dos presentes mais inimagináveis de sua vida: uma irmãzinha, a pequena Judith

Em julho de 1950, Thomas Geve se mudou para Haifa, em Israel, onde trabalhou como engenheiro civil e arquiteto durante os anos 1960, participando da construção de casas e assentamentos para seu povo. 

Em 1958, seu testemunho escrito do Holocausto ganhou um pequeno espaço com a publicação do livreto "Youth in Chains" ('Juventude Acorrentada', em tradução livre).

Décadas depois, em 1981, ao participar da primeira Convenção de Sobreviventes em Jerusalém, encontrou um amigo dos tempos de Auschwitz, Gert Beigel, chamado de 'Gert Atrevido', que o elogiou sobre seu testemunho. Desde então, Thomas Geve transformou sua vontade de relatar os horrores do Holocausto em sua maior missão de vida. 

Thomas Geve observando um de seus desenhos/ Crédito: Arquivo Pessoal

Mas a tarefa não foi nada fácil. "Desde a guerra até hoje, sempre houve pessoas que não quiseram ouvir as histórias sobre as coisas duras que aconteceram na guerra. Alguns ouviram e leram sobre eles, mas não conseguiram contê-los. E, infelizmente, também houve quem afirmasse, como ainda hoje alguns afirmam, que as coisas não foram tão ruins assim ou nem aconteceram", aponta o sobrevivente. 

Mas os muitos testemunhos e várias informações que continuam a ser revelados, expostos e recolhidos até hoje são demasiados para que alguém possa realmente negar o duro passado", contrapõem. 

"Na libertação, senti o desejo de documentar as coisas que vi e vivi nos campos da maneira mais precisa, o mais detalhada possível e com grande fidelidade à verdade — para que eu pudesse compartilhar com meus pais", contextualiza Geve sobre seus desenhos. "Mas, mais tarde em minha vida, escolhi compartilhar com o resto do mundo e fazer minha parte como testemunha ativa; para que as gerações futuras pudessem aprender sobre o que realmente aconteceu conosco que estávamos lá".

"A verdade não pode e não será mais escondida. Espero que as gerações futuras continuem a investigar e manter a verdade. Para aprender não apenas sobre o que aconteceu, mas também com isso. Portanto, eles farão tudo o que puderem para garantir que as partes mais sombrias da história da humanidade nunca mais aconteçam. E fazer o possível para criar um mundo diferente e melhor daquele que vivemos para todas as gerações futuras", encerra. 

De volta a Auschwitz

Em 2 de junho de 1947, o Parlamento da Polônia aprovou uma lei que estabeleceu o Museu Statal de Auschwitz-Birkenau, compreendendo os terrenos de duas partes do campo de Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau. 

Como já dito, o 27 de janeiro ficou conhecido como 'Dia Internacional da Lembrança do Holocausto', quando sobreviventes são convidados para uma celebração no museu. 

Segundo Yifat Cohn-Meir, filha de Thomas, em áudio gentilmente enviada à equipe do Aventuras pela Alta Life Editora, seu pai nunca quis visitar Auschwitz durante essas celebrações, "já que teve tanta coisa ruim na vida dele lá". 

Mas, em 2013, ocorreu a abertura do pavilhão judeu, que contou com uma sala onde haviam desenhos de crianças de todas as partes do mundo. "A artista responsável por aquilo coletou desenhos que foram encontrados em campos de concentração e ela escolheu alguns desenhos do meu pai. Aquilo foi surpreendente", disse Yifat

Com a abertura do espaço, Thomas Geve aceitou o convite do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para participar da cerimônia. O evento demorou cerca de três horas e Thomas voltou para casa no mesmo dia. 

"Ele ficou algumas horas na Polônia e algumas horas na cerimônia. E ele teve, na verdade, uma experiência maravilhosa. Ele nos contou histórias muito especiais. Como em uma delas, devido à segurança do primeiro-ministro, foi pedido que todos fossem levados para fora, mas meu pai precisava ir ao banheiro, fora do pavilhão. Então, quando ele voltou, aparentemente todos tinham sumido. As pessoas tinham sido evacuadas e ele não sabia disso", conta a filha de Geve

"Ele disse que, por um momento, se viu parado, sozinho em um campo vazio, e relatou que nunca iria imaginar que estaria nessa posição 70 anos depois, como se isso fosse uma vitória, já que estava vivo. E ele foi levado depois para o avião do primeiro-ministro. Isso foi um momento muito significativo na vida dele", completou. 

Thomas Geve ainda foi convidado várias vezes para ir até Buchenwald, na Alemanha, local que ele enxergava com outros olhos: um símbolo de esperança; sentimento que perpetua durante toda sua jornada. 

"Este capítulo sinistro de nosso passado foi criado por pessoas, e são as pessoas que podem criar um futuro melhor", explica ele.