Em entrevista ao El País, Lula falou sobre os atos terroristas de extrema-direita em 8 de janeiro, apontando o papel de Bolsonaro em sua organização
Nesta quinta-feira, 27, o El País, da Espanha, publicou uma entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a diretora do periódico, Pepa Bueno. Entre outros assuntos, Lula comenta sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, responsabilizando o ex-presidente Jair Bolsonaro de ter orquestrado o ataque da extrema-direita.
Não tenho dúvida de que ele tentou dar um golpe. Estamos convencidos de que tudo foi organizado por Bolsonaro e sua equipe", afirmou.
Por conta do ocorrido, o presidente do Brasil ainda foi indagado sobre se a democracia está "salva" em nosso país. "Não só no Brasil. Devemos salvar a democracia em todo o mundo, porque também existe a extrema-direita na Espanha, em Portugal, na França, na Alemanha... A Espanha sabe o que é o autoritarismo".
Lula ainda foi questionado sobre o respeito aos direitos humanos, com Pepa citando a China, mais especificamente. "Não podemos pensar agora que a China é culpada do que está acontecendo no mundo", rebateu.
"O problema não é só China, é Estados Unidos, França, Reino Unido. Todos os países que formam o Conselho de Segurança devem tomar a iniciativa de abrir o espaço", prosseguiu.
O cerne da entrevista, porém, foi a invasão da Rússia à Ucrânia. A versão impressa do El País estampa a manchete "Só os que estão fora da guerra podem pará-la"; enquanto o portal destaca: "Cada lado quer vencer e muitas vezes uma guerra não precisa ter vencedor".
O veículo destaca o cuidado de Lula em escolher suas respostas para não atrapalhar suas chances de ser um intermediador do conflito. Por outro lado, o mandatário aproveita a oportunidade para tecer críticas à própria União Europeia ao dizer que, em suas opinião, "deveria adotar um caminho intermediário, um papel de mediação". Porém, Lula salienta que "a Europa se implicou muito rapidamente".
Por fim, conforme repercute a Folha de S. Paulo, o editorial do El País afirma que a viagem de Lula ao Velho Continente "ratifica o regresso do país gigantesco ao multilateralismo internacional".
