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Notícias / Boate Kiss

MP critica série sobre Boate Kiss da Netflix: “contribui para a desinformação”

O órgão criticou a exploração do caso para o entretenimento com "fatos que não ocorreram como apresentados"

Eduardo Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 01/02/2023, às 14h02 - Atualizado às 14h06

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Cena da minissérie "Todo Dia a Mesma Noite" - Divulgação/Netflix
Cena da minissérie "Todo Dia a Mesma Noite" - Divulgação/Netflix

O Ministério Público do Rio Grande do Sul, que está trabalhando pela condenação dos réus da tragédia da Boate Kiss, se manifestou, na terça-feira (31), sobre a minissérie da Netflix “Todo Dia a Mesma Noite”, que trata do incêndio de 2013, em Santa Maria.

De acordo com o jornal GZH, o MP foi crítico à produção audiovisual, dizendo que a série contribui para desinformação e cria uma memória coletiva contaminada por “fatos que não ocorreram como apresentados”. O MP-RS também crítica o fato de a versão ter sido exibida enquanto o caso ainda está em tramitação, arriscando ser objeto de um júri popular.

Enquanto algumas famílias de vítimas foram muito críticas ao conteúdo, a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da tragédia de Santa Maria defendeu a exibição do seriado. O MP, todavia, ainda afirmou que a série explora a dor de centenas de famílias “para o entretenimento”.

Caso Boate Kiss

A Boate Kisssofreu um incêndio em 27 de janeiro de 2013 que acabou com 242 mortos e mais de 600 feridos. O Ministério Público do Rio Grande do Sul trabalha pela condenação e prisão dos quatro réus: Elissandro Callegaro Spohr (sócio da boate), Mauro Hoffmann (sócio da boate), Luciano Bonilha Leão (produtor de palco da banda que tocava no dia) e Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista da banda).

Existem planos de transformar o local da Boate Kiss em um memorial para as vítimas assim que o processo terminar. A tragédia completou 10 anos neste janeiro.

A minissérie da Netflix, “Todo Dia a Mesma Noite” foi baseada em um livro da jornalista Daniela Arbex, e está disponível para streaming no site da plataforma.

Abaixo, você confere na íntegra a nota completa emitida pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul a respeito do lançamento da série da Netflix.

"O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, considerando o interesse público e a realidade dos fatos envolvendo um caso ainda sub judice, vem a público manifestar-se sobre a série intitulada “Todo dia a mesma noite”, produzida e veiculada pela empresa Netflix.

Mesmo cientes de que se trata de uma ficção, é nossa obrigação, como instituição pública, fazer alguns esclarecimentos. Ao apresentar tanto personagens quanto o Sistema de Justiça, seus ritos e regramentos de forma caricaturada em muitos momentos, a obra contribui para a desinformação e para a criação de uma memória coletiva contaminada por versões e por fatos que não ocorreram como apresentados. Além disso, a série explora, para o entretenimento, a dor de centenas de famílias, ainda enlutadas, que aguardam, em longa espera, a punição dos culpados. E o mais grave, a produção do canal de streaming expõe uma versão para a opinião pública de um caso ainda em tramitação, que poderá ser objeto de novo júri popular, possibilidade que a instituição luta com muito empenho para afastar.

O MPRS vem travando uma longa e árdua batalha para garantir a pronúncia dos quatro réus – responsáveis diretamente pelos homicídios –, a posterior condenação, ocorrida em julgamento realizado em dezembro de 2021 e, atualmente, a reversão da anulação do júri por meio de recursos aos Tribunais Superiores.

Vale lembrar que, desde o início, a instituição vem atuando não só para a condenação, mas para garantir a prisão dos culpados. Além de presos preventivamente por aproximadamente três meses em 2013, foi a partir de recurso do MPRS apresentado ao Supremo Tribunal Federal que os quatro réus voltaram para prisão em 2022 e lá ficaram por cerca de oito meses, cumprindo pena resultante de suas condenações pelo Tribunal do Júri, até a soltura determinada pela Justiça a partir da anulação do julgamento.

Também oportuno destacar que, além dos denunciados por homicídio, outras 47 pessoas foram alvo de ações do Ministério Público, na medida de suas responsabilidades, nas áreas criminal e cível, na Justiça comum e militar.

Concluímos manifestando nossa solidariedade aos familiares e sobreviventes da tragédia e reiteramos nossa disposição e empenho para seguir lutando, o quanto for necessário, para que a justiça seja feita".