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Notícias / Indígenas

Noruega irá repatriar artefatos retirados da Ilha de Páscoa

Coletados nos anos 80, artefatos arqueológicos serão devolvidos à etnia Rapa Nui

Joseane Pereira Publicado em 08/04/2019, às 13h44

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Getty Images
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A Noruega concordou oficialmente em devolver artefatos à comunidade indígena Rapa Nui, da Ilha de Páscoa. Os objetos, coletados pelo explorador e etnógrafo norueguês Thor Heyerdahl em uma expedição à Ilha em 1955, incluem pequenas esculturas, restos humanos e armas antigas. O objetivo do pesquisador era analisar os objetos para testar a teoria de que as ilhas polinésias teriam sido inicialmente colonizadas por povos da América do Sul.

Embora o objetivo de Heyerdahl fosse devolver os itens após análise e publicação dos resultados, a promessa está sendo cumprida somente 17 anos após sua morte. Os reis Harald V e Sonja da Noruega, durante recente visita de Estado à capital chilena de Santiago, assinaram o acordo que firma a transferência de itens do Museu Kon-Tiki, em Oslo, para o Museu Antropológico Pai Sebastian Englert, na Ilha de Páscoa. Segundo o filho do explorador, Thor Heyerdahl Jr., "Isso é o que meu pai queria. A devolutiva é extremamente emocionante para mim, uma alegria absoluta, e meu pai provavelmente teria dito exatamente o mesmo sobre os objetos que estão sendo devolvidos". Embora a análise de DNA dos restos humanos ainda não tenha sido finalizada, Heyerdahl Jr. afirma que esses serão os artefatos priorizados durante o processo de repatriação.

Estátuas na Ilha de Páscoa / Reprodução

A data exata de devolução dos artefatos não está acordada, embora um comunicado publicado pelo Ministério da Cultura do Chile observe que o processo "levará tempo". Martin Biehl, diretor do museu de Oslo, explica: “Nosso interesse comum é que os objetos sejam retornados e, acima de tudo, entregues a um museu bem equipado.”

Durante a cerimônia, o rei Harald entregou aos representantes chilenos um pen drive contendo versões digitalizadas de cerca de 1.800 fotografias tiradas por Heyerdahl durante suas viagens à ilha. O original das imagens, além dos objetos a serem repatriados, estão atualmente no Museu Kon-Tiki de Oslo, que recebeu o nome de uma expedição que Heyerdahl empreendeu em 1947. O explorador navegou por 6 mil km em uma balsa improvisada, indo do Peru ao atol de Raroia, na Polinésia, e confirmou a hipótese de que os antigos sul-americanos seriam capazes de viajar pelo Pacífico, podendo se estabelecer na Polinésia. Na época, a maioria dos contemporâneos de Heyerdahl estava convencida de que a região teria sido povoada por migrantes da Ásia.

Durante sua primeira visita à Ilha de Páscoa, Heyerdahl e sua equipe realizaram dois empreendimentos com relação às esculturas gigantes de pedra conhecidas como Moai. O primeiro foi refutar um equívoco sobre essas esculturas: ao escavar a área em torno das cabeças imponentes, os pesquisadores perceberam que também existiam torsos há muito escondidos no subsolo. O segundo empreendimento foi amarrar cordas ao redor da cabeça e da base de uma estátua com a ajuda do engenheiro tcheco Pavel Pavel, puxando-a pelo chão para imitar o ato de andar. Com isso perceberam que transportar os monólitos de 15 toneladas pode não ter sido tão difícil quanto o previsto.

O acordo de repatriação foi elogiado como um "momento emocionante" pelo governador da Ilha de Páscoa, Tarita Alarcón Rapu. Os esforços de Rapa Nui para recuperar Hoa Hakananai'a , uma cabeça de basalto esculpida removida da ilha em 1868 e atualmente em exibição no Museu Britânico de Londres, continuam em andamento: em novembro passado, o Museu Britânico recebeu uma delegação de pessoas de Rapa Nui para uma discussão sobre o futuro da escultura. "Somos apenas um corpo", disse o governador Rapu à imprensa durante a visita dos representantes. "Você, o povo britânico, tem a nossa alma."

Situada a 3.700 km de distância da costa oeste do Chile, a Ilha de Páscoa constitui uma província chilena e faz parte da V Região de Valparaíso. Seus dois idiomas oficiais são o Espanhol e o Rapanui.