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Matérias / Arqueologia

Antigo traje descoberto em cemitério no Chile revela pistas sobre cultura inca

Túnica com padrões imperiais e detalhes de terra de origem teria pertencido a membro de elite inca

Éric Moreira, sob supervisão de Ingredi Brunato Publicado em 16/02/2023, às 14h03

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Fotos de antigo traje inca - Reprodução/Correa-Lau et.al
Fotos de antigo traje inca - Reprodução/Correa-Lau et.al

Recentemente, uma análise feita em uma túnica encontrada em um antigo cemitério chileno, localizado ao longo da Baía de Caleta Vítor, possibilitou ao grupo de pesquisadores responsáveis a detecção de algumas novas pistas sobre a antiga cultura inca. As informações foram divulgadas na edição de 8 de fevereiro do periódico PLOS ONE.

O traje, referido pelos estudiosos como se tratando de um unku — túnica padronizada inca — pertenceu, no passado, a um indivíduo prestigiado da elite inca, como explica a Revista Galileu. Esse tipo de vestimenta, vale ressaltar, era costumeiramente determinada por autoridades imperiais sobre como deveria ser feita, atendendo especificações técnicas e estilísticas próprias.

Mas especificamente o descoberto no cemitério, apelidado de Caleta Vítor unku, foi curiosamente criado além das regiões de domínio dos líderes incas. A constatação pôde ser feita, pois, na túnica preservada, foi possível identificar tributos culturais exclusivos de onde foi produzido, apesar do design imperial.

Ele representa um estudo de um exemplo raro de uma túnica inca unku escavada, cujo contexto e características técnicas estão fornecendo uma compreensão sem precedentes da influência imperial inca nas províncias", explica Jeffrey Splitstoser, professor da Universidade George Washington, nos EUA, e coautor do estudo, em comunicado.
Antigo unku inca
Antigo unku inca / Crédito: Reprodução/Correa-Lau et.al

No estudo, ainda é constatado que, ao contrário de muitos outros trajes incas já descobertos, o unku em questão, que fora escavado em um antigo cemitério, já tinha origem de uma outra tumba saqueada. Ainda é descrito que o tecelão que fez o artefato viveu a centenas de quilômetros da capital imperial inca, Cusco, em uma área que só foi absorvida no século 15.

Obrigações sociais

O Caleta Vítor unku também possui indícios de que os tecelões locais, que o produziram, não só se inspiraram no modelo imperial do traje, como também adicionaram seus próprios designs nele — como o acréscimo de listras —, com o objetivo não só de produzir uma vestimenta, como também demarcar a importante função social de quem o vestisse.

O artesão responsável pelo traje "empregou as técnicas e o estilo único e as imagens de uma cultura indígena que existia muito antes da conquista deste povo, criando um símbolo tangível da vida provinciana na América do Sul pré-colonial", descreve o comunicado.

Dessa forma, o Caleta Vítor unku carregava consigo um grande significado: incorporando relações e obrigações sociais, econômicas e políticas, que eram negociadas entre o governo e as comunidades locais.

A tensão incorporada pelos tecelões em ter que reproduzir explicitamente padrões de estado e mascarar ou revelar sutilmente suas marcas locais são bem representadas e expressas neste unku", finalizam os pesquisadores.