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Matérias / Dom Pedro I

Dom Pedro I: Pesquisadora revela curiosidades sobre a transição do coração para Portugal

A escritora e pesquisadora Cláudia Witte revela, com exclusividade ao Aventuras na História, os motivos para a separação

Isabelly de Lima, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 06/09/2022, às 18h00

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O coração de Dom Pedro I e uma pintura do imperador - Reprodução/Vídeo/Youtube e Domínio Público
O coração de Dom Pedro I e uma pintura do imperador - Reprodução/Vídeo/Youtube e Domínio Público

Para a celebração dos 200 anos da Independência do Brasil, o coração de Dom Pedro I foi trazido para o país, sendo emprestado de Portugal, para ficar exposto no Museu do Ipiranga, em São Paulo, que será reaberto para visitações. Porém, muitas pessoas se perguntam pelo motivo de seu coração não ter ficado no Brasil, já que o restante de seu corpo está em terras tupiniquins.

Várias poderiam ser as razões, como o desejo de representar o simbolismo de pertencimento e poder nas duas nações, porém, a pesquisadora e escritora Cláudia Thomé Witte revela novas possíveis visões para entendermos melhor essa decisão.

Hábito familiar

Na família de D. Amélia, segunda esposa de Dom Pedro I, era comum que todos os pais e seus filhos, quando morria, tivessem seus corações retirados e colocados em uma urna, e tais urnas fossem reunidas na capela do palácio de Leuchtenberg, em Munique.

A ideia da família era manter todos os corações reunidos, já que, na família da imperatriz, todos os seus irmãos e irmãs se casaram com nobres de outros países, então, seus corpos foram sepultados nos países em que viviam. Assim, os corações ficavam reunidos, remetendo a ideia do sentimento família, colocando à tona o aspecto romântico do século 19.

Urna com o coração de Eugênio de Beauharnais, pai de D. Amélia / Crédito: Arquivo Pessoal

Uma das possibilidades dessa separação do corpo e do coração de Dom Pedro I pode ser a inspiração que ele teve vendo o hábito da família da esposa, sendo até mesmo uma prova de amor à Amélia. Porém, outro motivo, também de “amor”, pode ter dado vida à ideia do imperador.

O povo do Porto

Durante os anos de 1832 e 1833, durante o Cerco do Porto, a população da Cidade do Porto não tinha mais carvão, e tiravam o madeiramento das casas para se aquecerem, já que o tal cerco durou muito mais tempo do que o esperado.

A ocasião foi uma batalha travada entre Dom Pedro I e seu irmão, Dom Miguel, pelo trono de Portugal. Aqueles que apoiavam Pedro resistiram de todas as formas possíveis. Os cachorros e os gatos soltos na rua começaram a ser mortos para servirem de alimento, os cavalos baleados que morriam eram transformados em carne para os soldados.

Por conta de toda fidelidade, Pedro sentia que devia àquele povo, que aqueles sim o apoiavam, por isso ele devotaria sua fidelidade com seu bem mais precioso, seu coração. O órgão foi levado para lá em 7 de fevereiro de 1835 e foi entregue pelo coronel Baltazar de Almeida Pimentel, ajudante de campo e muito próximo de D. Pedro.

Ele queria, na verdade, dar uma prova do amor que ele sentia e da gratidão pela população da Cidade do Porto, que tinha se mantido fiel à ele, mesmo durante os difíceis meses do inverno, durante o Cerco do Porto, sem nunca se renderam”, revela Cláudia.

O palácio dos Leuchtenberg

A pesquisadora também conta que as urnas da família de D. Amélia não ficam mais dentro do palácio de Leuchtenberg, porque esse palácio foi totalmente bombardeado durante a Segunda Guerra Mundial, quando Munique sofreu as noites de bombardeio de 1944. Mas, antes dos bombardeios, os corações já não estavam mais na capela.

O palácio foi vendido quando a mãe da D. Amélia faleceu e todos os filhos saíram de casa, e em seu testamento, ela determinou que, se a residência fosse vendida, as urnas deveriam ser depositadas na igreja de São Miguel, onde estariam os corpos dela, do marido e da filha mais velha.

Urna com o coração de  Augusta da Baviera / Crédito: Arquivo Pessoal

Porém, o coração de Pedro nunca esteve lá, já que, até hoje, o órgão é de propriedade do município da Cidade do Porto. Contudo, a posse ficou com a Irmandade da Lapa, porque era a igreja mais próxima do quartel e porque era onde Dom Pedro costumava assistir missas todas as semanas.

Homenagens ao imperador

Anos depois da morte de Dom Pedro I, um monumento foi feito em sua homenagem. Na base do monumento há dois altos-relevos, substituídos por bronze após o desgaste do material original, mármore de carrara, mas tiveram de ser substituídos em 2008 após os de bronze terem sido roubados.

De acordo com Cláudia, um dos relevos mostra exatamente a entrega do coração, em que Baltazar entrega a urna para o presidente da câmara. O monumento fica hoje no centro da Cidade do Porto.

Base do monumento feito em homenagem à Dom Pedro I / Crédito: Arquivo Pessoal

Até mesmo o símbolo do time da Cidade do Porto possui elementos que remetem à família Bragança, incluindo um símbolo vermelho de coração, representando o coração de Pedro. O clube de futebol foi a única instituição que manteve os símbolos monárquicos após a queda da monarquia, já que era algo privado.

A pesquisadora e escritora Cláudia Thomé Witte lançará, em março de 2023, seu livro intitulado de “D. Amélia: A História Não Contada”, que conta com uma pesquisa aprofundada de mais de 20 anos, em diversos países, sobre a história da família imperial brasileira, com foco na família da segunda imperatriz brasileira.