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Matérias / Oppenheimer

Klaus Fuchs: Veja o que aconteceu com o homem que espionou Oppenheimer

Integrante do Projeto Manhattan, Klaus Fuchs espionou Oppenheimer por dois anos e repassou informações secretas à União Soviética

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 10/04/2024, às 19h00 - Atualizado em 12/04/2024, às 07h15

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O espião russo Klaus Fuchs (Christopher Denham) - Universal Pictures e Domínio Público
O espião russo Klaus Fuchs (Christopher Denham) - Universal Pictures e Domínio Público

Oppenheimer chegou ao catálogo da Amazon Prime Video. O longa, que estreou nas telonas brasileiras em junho de 2023, foi grande vitorioso na última premiação do Oscar 2024, arrematando consigo sete estatuetas, incluindo de Melhor Filme.

Dirigido por Christopher Nolan e estrelado por Cillian Murphy, a produção conta a história de Julius Robert Oppenheimer, pai da bomba atômica e líder do Projeto Manhattan. Apesar de focar na trajetória do físico norte-americano, Oppenheimer também mostra outros importantes personagens no contexto da Segunda Guerra Mundial

+ Oppenheimer: Veja quem são os personagens retratados no filme

Indo além de Lewis Strauss (Robert Downey Jr.) e Albert Einstein (Tom Conti), um nome também é muito importante para a história, embora não tenha feito uma aparição tão significativa assim no filme. Trata-se do espião russo Klaus Fuchs (Christopher Denham). Entenda!

Um espião entre nós

O filme de Christopher Nolan explora muitas das figuras que rondam J. Robert Oppenheimer durante a criação da bomba atômica. Com um elenco repleto de estrelas de Hollywood, um dos personagens passa batido na história: Klaus Fuchs. Mas o que aconteceu com o espião russo após seu envolvimento com o Projeto Manhattan?

Físico teórico, Klaus é um dos cientistas que se juntam no projeto para construção da arma de destruição em massa por parte dos norte-americanos. Expulso da Alemanha durante a guerra, ele estava sob jurisdição dos britânicos antes de ingressar em Los Alamos. 

Conforme reocorda o Screen Rant, Fuchs chegou à Universidade de Columbia ao lado do físico alemão-britânico Rudolf Peierls, para trabalhar na bomba atômica, nas semanas finais de 1943. 

Em agosto do ano seguinte, acabou transferido de Nova York para o Laboratório de Los Alamos — onde Oppenheimer atuava. Klaus Fuchs ficou responsável, ao lado de Hans Bethe, por se concentrar no problema da implosão do núcleo fissionável da bomba de plutônio.

Apesar de sua importante ajuda, sua missão crucial foi transmitir informações sobre o Projeto Manhattan à União Soviética. Ao todo, ele passou dois anos trabalhando (e espionando) com Oppenheimer, entretanto, seu serviço para a inteligência rival durou muito mais tempo. 

O espião russo Klaus Fuchs (Christopher Denham) em seu crachá de identificação de Los Alamos - Los Alamos National Laboratory

Tudo começou em 1941, quando Peierls o convidou para atuar no programa Tubes Alloy — a pesquisa britânica para a bomba atômica. Posteriormente, o próprio Fuchs testemunhou que, após a invasão alemã à União Soviética, naquele mesmo ano, ele começou a transmitir segredos militares à URSS.

Acreditava que os soviéticos tinham direito de saber sobre os assuntos em que o Reino Unido — e posteriormente os EUA — trabalhava secretamente. 

Durante seu período dentro do Projeto Manhattan, Klaus fez contato com o espião comunista e soviético Jürgen Kuczynsk. Ele ainda trabalhou sob o comando da experiente agente de inteligência russa Ursula Kuczynsk.

"Fuchs era um homem estranho. Eu o conhecia, embora não bem. Solteirão muito popular, muito reticente, que era bem-vindo nas festas por causa de seus bons modos. Ele trabalhou muito; trabalhou muito por nós, por este país. O seu problema foi que ele também trabalhou arduamente pela Rússia", disse o diretor pós-guerra de Los Alamos, Norris Bradbury, conforme citado no documentário 'Los Alamos: The First 25 Years'.

Basicamente, ele odiava amargamente os alemães. Ele tinha um ódio eterno e simplesmente pensava que este país não estava trabalhando suficientemente para ajudar os russos a derrotar os alemães. Bem, ele era, à sua maneira estranha, leal aos Estados Unidos. Ele sofria de uma dupla lealdade", prosseguiu.

Vida pós-Manhattan

Em 24 de janeiro de 1950, Fuchs confessou que havia compartilhado informações com os soviéticos, conforme aponta Michael Goodman em 'Who Is Trying to Keep What Secret from Whom and Why?'.

Ele acabou preso duas semanas depois e, posteriormente, condenado por quatro acusações de violação da Lei de Segredos Oficiais após passar informações a um inimigo potencial, a União Soviética. 

Se declarando culpado, ele tentou obter clemência devido à sua esperança de que a espionagem para a Rússia ajudaria a derrotar os nazistas. Segundo Norman Moss em 'Klaus Fuchs: the Man who Stole the Atom Bomb', o julgamento durou menos de 90 minutos. 

"Fuchs fez ao seu interrogador uma confissão longa, embora um tanto parcial. Ele admitiu que espionava para os soviéticos desde 1942 e lhes contara segredos cruciais sobre o projeto da bomba atômica. Ao mesmo tempo, porém, recusou-se consistentemente a divulgar alguns aspectos do seu trabalho como espião", explica o site do MI5, serviço de inteligência britânico.

O juiz do caso argumentou que seu delito não poderia ter sido considerado traição (que era um crime capital), afinal, a União Soviética era classificada como aliada na época.

Assim, Klaus foi condenado a pena máxima de 14 anos de prisão; mas cumpriu apenas nove devido à lei britânica que determinava que o bom comportamento reduzia a pena de um prisioneiro. Em 1959, ele retornou à República Democrática Alemã.

Apesar disso tudo, Klaus Fuchs seguiu sua carreira como cientista. Em 1967, ingressou no comitê central do Partido da Unidade Socialista da Alemanha (SED) e, entre 1974 e 1978, atuou como chefe da área de pesquisa de física, ciência nuclear e de materiais na Academia de Ciências.

Ainda se tornou vice-diretor do Instituto de Pesquisa Nuclear de Rossendorf. Fuchs recebeu a Ordem Patriótica do Mérito, a Ordem de Karl Marx e o Prêmio Nacional da Alemanha Oriental.

Klaus Fuchs morreu em 1988, 43 anos depois que a bomba atômica de Oppenheimer ajudou a encerrar a Segunda Guerra Mundial. Com 76 anos na época, seu óbito foi mencionado como 'causas desconhecidas'.