Interpretado por Robert Downey Jr. no filme, Lewis Strauss teve um papel de grande importância na vida real; saiba destino do filantropo
Isabelly de Lima Publicado em 09/04/2024, às 19h00 - Atualizado em 23/04/2024, às 07h41
Um episódio no mínimo controverso da história norte-americana foi retratado nas telonas no último ano, com o lançamento do filme "Oppenheimer", de Christopher Nolan — um dos favoritos da última edição do Oscar, e que agora disponível no Amazon Prime Video.
No entanto, os acontecimentos após os eventos destacados no longa-metragem continuaram a moldar a vida de um dos principais personagens, Lewis Strauss, chefe da Comissão de Energia Atômica.
Lewis, vivido por Robert Downey Jr., está no centro do filme como uma figura política influente e controversa. Conhecido como o "pai da bomba atômica",J. Robert Oppenheimer, interpretado por Cillian Murphy, é o foco principal, mas a trama se estende para além do Projeto Manhattan, explorando a relação tensa entre Strauss e Oppenheimer.
Como o longa-metragem é baseado em personalidades reais, o que aconteceu com o filantropo e oficial naval americano após os fatos mostrados no filme? Veja a seguir:
Strauss oficializou seu matrimônio com Alice Hanauer no ano de 1903, com quem teve dois filhos. Lamentavelmente, um dos filhos não conseguiu passar da infância.
Os pais de Strauss faleceram devido ao câncer nos anos de 1935 e 1937, respectivamente. Como forma de honrar a memória deles, estabeleceu o Fundo Memorial Lewis e Rosa Strauss, direcionado para promover a educação em pesquisas físicas voltadas para a melhoria do tratamento de pacientes com câncer.
No entanto, um período que, de fato, marcou sua trajetória foi o trabalho na AEC (Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos). Foi no cargo que conheceu o 'pai da bomba atômica'.
Após o impacto das bombas em Hiroshima e Nagasaki, as visões de Strauss e Oppenheimer divergiam. O físico se posicionou contra a criação da bomba de hidrogênio, muito mais fatal, e acreditava que os EUA precisariam ser transparentes com a quantidade de armas nucleares que existiam, explica a BBC.
Lewis, que temia o poder dos soviéticos e desconfiava das intenções de Julius Oppenheimer, iniciou uma espécie de caça as bruxas. A ligação do físico com pessoas próximas ao Partido Comunista só agravaram as 'suspeitas'.
Ao lado de William Borden, ele colaborou com o cancelamento da autorização de segurança de Oppenheimer. Uma decisão classificada como falha pelos EUA em 2022.
Strauss e seus colegas enfrentaram repercussões significativas. Quando seu período na agência chegou ao fim, em junho de 1958, o presidente Dwight Eisenhower o selecionou para o cargo de Secretário de Comércio da Casa Branca.
No entanto, não seria fácil: Strauss encontrou forte resistência no Senado, que precisaria aprovar a nomeação. Durante seu tempo na Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, ele conquistou uma série de inimigos.
A indicação acabou rejeitada, marcando a 18ª vez na história dos EUA que o Senado negou a nomeação de um membro do Gabinete. O conflito público foi o golpe final que encerrou o mandato de Strauss no governo.
Fora do governo, Strauss passou a viver em sua fazenda, Brandy Rock Farm, localizada em Brandy Station, Virgínia. Embora tenha se afastado da política, a rejeição pelo Senado de sua nomeação para o Departamento de Comércio trouxe tormento aos seus últimos dias.
Ele também aproveitou para relembrar seus serviços anteriores ao ingressar na política, publicando suas memórias em 1962 na obra "Homens e Decisões". Apesar de seu legado manchado, Strauss conseguiu manter relações positivas com Eisenhower e Herbert Hoover, tendo inclusive começado a escrever um livro sobre este último, que nunca foi concluído.
Mesmo após se aposentar, Strauss continuou engajado em atividades públicas e filantrópicas, incluindo seu envolvimento com o Comitê Judaico Americano.
Sua vida chegou ao fim em 1974, quando perdeu uma batalha contra um linfoma. Oppenheimer, oito anos mais jovem que Strauss, faleceu sete anos antes, em 1967.
Alice Hanauer viveu até os 101 anos, falecendo em dezembro de 2004. No momento do seu óbito, o único filho sobrevivente, concebido com Lewis Strauss, ainda estava vivo, de acordo com o portal Screen Rant.
