Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Racismo

Glossário antirracista: 8 sinônimos para termos preconceituosos

Iniciativa do Ministério Público da Bahia apresenta orientações de como atualizar o vocabulário ao eliminar expressões racistas

Redação Publicado em 21/11/2022, às 19h47 - Atualizado em 18/01/2023, às 13h36

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Imagem meramente ilustrativa - Divulgação/ Freepik/ Licença Livre
Imagem meramente ilustrativa - Divulgação/ Freepik/ Licença Livre

Durante o programa 'Big Brother Brasil', da TV Globo, o participante Gabriel conversava com a sister Marvvila quando usou o termo criado-mudo. Especificamente, ele disse a colega de confinamento que a toalha se encontrava no móvel. De imediato, Marvvila acabou corrigindo o colega. 

"Gabriel, vem aqui. Você falou criado-mudo", disse ela. "Por quê?", respondeu ele. Em seguida, ela disse: "A gente não usa essa expressão, ela é racista. Eu só estou te dando um toque, como amiga". 

No entanto, o teor racista do termo que motivou a discussão no programa não é recente. O termo "criado-mudo" seria a uma referência "aos criados, geralmente pessoas escravizadas, que deveriam segurar objetos para seus senhores e eram proibidos de falar". Assim, o dicionário da Defensoria Pública já indicou que a palavra fosse substituída por "mesa de cabeceira". No entanto, existe uma discussão por trás da verdadeira origem do termo, que você pode conferir aqui.

O "Dicionário de Expressões (Anti) Racistas", publicado pela Defensoria Pública do estado da Bahia em 2021, separou uma lista de palavras com origem e significado racista que devem ser eliminadas da nossa rotina. 

No projeto, é mostrado um glossário de palavras e frases que carregam significados preconceituosos em relação às pessoas negras e pardas. Em muitos casos, são expressões comuns, usadas no dia a dia sem que seus interlocutores se deem conta de seu teor racista. 

A fim de tornar a linguagem do cotidiano livre das "micro agressões" — isso é, pequenos atos de preconceito que, acumulados, acabam impactando negativamente a vida dos membros de um grupo socialmente oprimido —, a cartilha baiana oferece alternativas melhores para esses termos já desatualizados. Confira exemplos abaixo!

1. A coisa tá preta

Essa é uma frase usada para se referir a uma situação difícil ou complicada. Em vez de associar "preto" com essas circunstâncias negativas, todavia, a Defensoria Pública da Bahia recomenda simplesmente que outras descrições sejam usadas.


2. Cabelo ruim

Não é incomum ouvir a expressão "cabelo ruim" para se referir aos fios crespos típicos das pessoas pretas, o que retrata esse traço físico como indesejável. O mesmo significado é alcançado com termos como "cabelo duro" ou "bombril". 

Para se obter um vocabulário menos preconceituoso, é melhor chamar o cabelo pelas suas características em si, como "cacheado" ou "crespo". 

Imagem meramente ilustrativa / Crédito: Divulgação/ Freepik/ storyset

3. Cor de pele

Frequentemente, o termo "cor de pele" é usado para descrever tons de rosa e bege. Não é preciso pensar muito para perceber, todavia, que essa expressão que é por vezes repetida no automático ignora a existência de vários outros tons de pele. Assim, é preferível chamar as cores pelo nome.


4. Da cor do pecado

Essa frase tem um contexto diferente das mostradas até aqui por ser usada como se fosse algo positivo, como forma de elogio.

Neste caso, o problema é que, ao se dizer que alguém com pele escura é "da cor do pecado", é feita uma hipersexualização do povo negro e pardo que remonta ao período da escravidão, em que os senhores estupravam as mulheres escravizadas. 

Para evitar essa herança histórica ruim, é melhor usar qualquer outro elogio que faça referência à beleza daquela pessoa em específico.


5. Denegrir 

De acordo com o governo da Bahia, essa é uma palavra que significa "tornar negro". Assim, quando é usada como sinônimo de "caluniar" e "difamar", associa, novamente, a negritude a significados negativos. As outras opções oferecidas pelo dicionário brasileiro, dessa forma, são melhores por não serem associadas a esse conceito preconceituoso.


6. Escravo

No caso de "escravo", a opção antirracista é uma expressão próxima — "escravizado". Isso porque, no primeiro caso, a condição da escravização dá a impressão de ser inerente a quem alguém é, enquanto no segundo fica claro que foi uma situação no qual a pessoa estava.


7. Macumba

O termo é utilizado para se referir às oferendas aos orixás (que é como se chamam divindades como Iemanjá e Ogun) feitas pelos praticantes de religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé.

Esse não é um uso correto, porém, pois "macumba" é, na verdade, o nome de "um instrumento de percussão de origem africana", ainda de acordo com o documento criado pelo governo baiano. 

Além disso, a palavra acaba misturando a umbanda e o candomblé: no caso da primeira, as oferendas são chamadas de "despachos", e dentro da segunda, são "ebós".


8. E outros

Imagem meramente ilustrativa / Crédito: Divulgação/ Freepik/ pikisuperstar

Existem ainda diversas outras expressões que vinculam conceitos negativos com a palavra "negro". Alguns exemplos são: mercado negro, lista negra, humor negro e ovelha negra. 

Todos podem ser trocados por versões que não carregam essa conotação preconceituosa. Nos exemplos dados, os substitutos são: mercado clandestino, lista proibida, humor ácido e pessoa ruim ou rejeitada. 

Em conclusão, é válido lembrar que a língua portuguesa está em constante evolução, e, à medida que mais pessoas fazem um uso consciente do vocabulário, é possível empurrar os termos racistas para o desuso, criando uma sociedade melhor a partir da maneira como falamos.