Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Segunda Guerra

Os relatos da mulher que foi beijada sem consentimento em foto icônica da 2ª Guerra

Em 2005, Greta Zimmer Friedman relembrou de beijo que virou registro histórico do fim da Guerra: “Não foi minha escolha ser beijada"

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 07/03/2024, às 17h41

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Greta Zimmer e George Mendonsa - Getty Images
Greta Zimmer e George Mendonsa - Getty Images

Nos últimos dias, icônica foto de um beijo na Times Square (que se tornou um símbolo da comemoração do fim da Segunda Guerra Mundial) foi o centro de uma polêmica dentro do Departamento dos Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos.

Em memorando, a entidade proibiu a exibição da foto em prédios da agência, visto que o registro não se enquadrava nos "valores" da instituição. O chefe do departamento, porém, só soube da proibição por meio das redes sociais; o que gerou uma enorme confusão. 

+ Proibição de foto icônica de beijo roubado na 2ª Guerra causa polêmica

A grande polêmica

A foto feita por Alfred Eisenstaedt para a revista Life foi tirada em 14 de agosto de 1945 — data em que o Japão se rendeu; o que marcou o fim da Segunda Guerra. Por esse motivo, a fotografia ficou conhecida como V-J Day in Times Square (ou 'Dia da Vitória contra o Japão na Times Square')

O registro mostra o marinheiro George Mendonsa, em êxtase, beijando a assistente de dentista chamada Greta Zimmer Friedman. O grande ponto da foto é que não só os personagens não se conheciam como o beijo foi 'roubado'; ou seja, sem o consentimento de Friedman

Greta e George nos anos 1940 - Arquivo Pessoal

Por esse motivo, o Departamento dos Assuntos de Veteranos considerou a foto como "comportamento impróprio" pelo fato de "retratar um ato não consensual"; conforme descrito no memorando. 

[A retirada da foto] reflete nossa dedicação em criar um local de trabalho respeitoso e seguro e está de acordo com nossos esforços mais amplos para promover uma cultura de inclusão e conscientização", prosseguiu a nota. 

Mas Denis McDonough, chefe do departamento, só soube da proibição por meio das redes sociais, cinco dias depois, contestando a decisão: "Deixe-me ser claro: esta imagem não foi banida das instalações — e vamos mantê-la".

Os personagens

Apesar de extremamente famosa, a foto foi alvo de mistério por anos; afinal, a identidade dos seus personagens foi uma incógnita. O Artnet News relatou que várias mulheres alegaram terem sido flagradas durante o momento. 

+ Beijo na Segunda Guerra: conheça as pessoas que protagonizaram a famosa imagem

Mas a identidade dela só se confirmou na década de 1960, quando a própria Friedman viu a fotografia pela primeira vez. "É exatamente a minha figura, o que eu vestia e especialmente o meu penteado", disse à Patricia Redmond, em 2005, em entrevista ao Library of Congress Veterans History Project.

"Mandei [para Alfred Eisenstaedt] algumas fotografias. O tempo passou e, em 1980, a revista LIFE me contatou e republicou a foto com um pedido de desculpas assinado por Eisenstaedt", relatou. 

Greta e George em foto anos depois - Library of Congress

Conforme explicou, naquela época, Friedman trabalhava em um consultório na Times Square quando decidiu sair para ver o motivo de toda a comoção. Foi então que ela foi agarrada pelo marinheiro e teve um beijo roubado. 

Senti que ele era muito forte. Ele estava apenas me segurando com força. Não tenho certeza sobre o beijo... foi apenas alguém comemorando", disse Friedman a Redmond. "Não foi um evento romântico. Foi apenas um evento de 'graças a Deus que a guerra acabou'".

Com o passar dos anos, o relato de Friedman e reinterpretação da foto fizeram com que muitos debatessem o registro como a documentação de uma agressão sexual. "Não foi minha escolha ser beijada… O cara simplesmente veio e me agarrou!".