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Matérias / Guerras

Estados Unidos tinham um plano secreto para invadir o Canadá

E isso era só parte de um plano maior para uma guerra contra o Reino Unido

Thiago Lincolins Publicado em 01/07/2019, às 08h00

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Crédito: Reprodução
Crédito: Reprodução

Plano Vermelho: esse foi o nome de um dos primeiros projetos de guerra criados pelos Estados Unidos após o fim da Primeira Guerra Mundial.

A intenção era desestabilizar a Grã-Bretanha, o então "Império Vermelho" - nada a ver com comunismo, mas por conta do uniforme usado por seus soldados na Revolução Americana. Eram os chamados "casacas vermelhas".

O plano foi desenvolvido após a Conferência Naval de Genebra em 1927 e aprovado em maio de 1930 pelo secretário de guerra Patrick J. Hurley. Através do Atlântico, a Grã-Bretanha possuía o maior império de toda a História e tinha a marinha mais poderosa do mundo. Os Estados Unidos acreditavam que os britânicos usariam sua base no Canadá, um domínio do Império Britânico.

Domínio, na lei do Reino Unido, é um estado semi-independente. Ele tem seus próprios chefes de governo, os primeiros-ministros. Mas o chefe de Estado é o mesmo - então, o rei George V. Isso obrigava o Canadá a participar de qualquer guerra que envolvesse o Reino Unido. (Em tese, o Canadá ainda é um domínio, mas a palavra não é mais usada e esse tipo de obrigação não é mais imposto.)

Atacando ao norte, os EUA pretendiam queriam derrubar a habilidade comercial da Grã-Bretanha e isolá-la da América.

O plano descrevia a geografia, os recursos militares e a rede de transporte do Canadá. Além disso, avaliava maneiras de invadir várias áreas e ocupar portos e ferrovias antes que os britânicos pudessem enviar reforços.

Bombardeios em zonas industriais e o uso de armas químicas impediriam que a Grã-Bretanha utilizasse os recursos existentes no Canadá. "Os EUA foram forçados a contemplar qualquer medida para manter a Grã-Bretanha distante", disse o professor Mike Vlahos, do Colégio de Guerra Naval dos EUA em entrevista ao Daily Mail. 

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico...

A Marinha Real Britânica nunca preparou um plano formal para se defender de um possível ataque americano. Eles acreditavam que caso a guerra acontecesse, um exército seria enviado para o território canadense, porém seria impossível defender o país das tropas americanas. Um bloqueio naval seria lento e a perda do Canadá para os Estados Unidos, dada como certa, não seria fatal para a Grã-Bretanha. 

O que planejaram de fato foi atacar a frota americana em uma base no Hemisfério Ocidental, provavelmente a ilha Bermudas. Com isso, navios com sede no Canadá e nas Índias Ocidentais atacariam os americanos. A marinha também estaria preparada para bombardear as bases costeiras e realizar pequenos assaltos anfíbios. Eles acreditavam que o conflito seria impopular para os Estados Unidos e um acordo de paz seria negociado.

Defesa canadense

Quanto ao Canadá, tendo sua estrutura militar própria, tinha seu próprio plano. Chamado de Defense Scheme No. 1, foi desenvolvido pelo tenente-coronel canadense James Buster em abril de 1921. Ele planejava a implantação de colunas de voo – as unidades terrestres militares pequenas com mobilidade rápida – com o objetivo de ocupar áreas dos Estados Unidos como Seattle, Great Falls, Minneapolis e Albany.

A ideia real de Buster era desviar os americanos para os flancos e assim deixá-los longe do território canadense até que os britânicos conseguissem chegar com reforços. A estratégia foi mantida até 1928 –  dois anos antes do Plano de Guerra Vermelho ser aprovado – quando foi engavetada por Andrew McNaughton, comandante do exército canadense.

O plano se tornou irrelevante em junho de 1939, dois meses antes da invasão nazista da Polônia - o começo da Segunda Guerra. Um memorando interno americano afirmava que as ideias eram inaplicáveis, mas que mesmo assim deveriam ser "arquivados" para necessidade futura.

Quando os documentos foram desclassificados em 1974, as relações entre os Estados Unidos e o Canadá passaram por um curto alvoroço. Mas a amizade entre os Estados Unidos e Grã-Bretanha, incluindo seus países coligados, só viria a crescer. Desde a Segunda Guerra, é impensável um conflito como o do Plano Vermelho.