Pesquisa aponta que grupos de extrema-direita espalham “versão alternativa” sobre a extensão do problema
Fabio Previdelli Publicado em 17/03/2022, às 14h46
Apesar de comprovado por imagens via satélite, o desmatamento da Amazônia vem sendo desdenhado pelo governo de Jair Bolsonaro e seus apoiadores. É isso que mostra uma pesquisa publicada recentemente na revista Earth System Governance.
O artigo aponta que membros da extrema direita — como militares, ativistas e negacionistas — estão atuando como um grande esforço para que as informações já consolidadas cientificamente sobre o desmatamento sejam desacreditadas. Com isso, o grupo passa a apresentar sua “versão alternativa dos fatos”, que é repleta de mentiras.
"Nosso estudo mostra que grupos de extrema-direita estão realizando um esforço amplo e sofisticado para produzir e difundir uma ‘verdade’ diferente sobre a Amazônia”, aponta uma das principais autoras do levantamento, Cecília Oliveira, em um comunicado. “Ou seja, [a verdade de] que o desmatamento é um preço aceitável a pagar pelo desenvolvimento econômico”.
Paralelamente a isso, institutos que há décadas estudam a perda de floresta tropical estão sendo esquecidos e desmantelados. Um exemplo disso, segundo apontam os pesquisadores, pode ser refletido quando o governo Bolsonaro fez uma “campanha de desmoralização”, como os autores definiram, contra o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O artigo também diz que a gestão atual sobre o assunto é totalmente diferente do que a praticada por governos anteriores, que permitiam um “regime de transparência”. Na ‘Era Lula’, em 2004, quando ocorreu o segundo maior registro de desmatamento, onde mais de 27,7 mil quilômetros de floresta foram destruídos, apesar do registro negativo, aconteceu a introdução do Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento na Amazônia (PPCDAM).
“Com a política ambiental amazônica do governo Lula, o Brasil conseguiu manter uma redução significativa e prolongada do desmatamento na Amazônia Legal, uma redução de 80% em relação às estimativas para 2004 (27,77 mil km) e 2012 (4,57 mil km)”, apontam.
Agora, porém, a falta de transparência de dados faz com que os apoiadores de Bolsonaro usem essas informações sem uma interpretação correta, o que os pesquisadores chamam de uma forma de "contra-ativismo", buscando invalidar as informações obtidas através da análise de dados e imagens de satélite.
O objetivo dessa prática parece ser confundir o público sobre a extensão do desmatamento”, conclui Cecília Oliveira.
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