Gleibson Roberto, o coveiro que faz sucesso nas redes sociais - Divulgação/ Arquivo Pessoal
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Desmistificando a profissão: Conheça o coveiro que faz sucesso nas redes sociais

Gleibson Roberto virou celebridade ao acabar com as ‘más impressões’ da função

Fabio Previdelli Publicado em 17/03/2022, às 16h25

Há cerca de 10 anos, Gleibson Roberto, hoje com 36 anos, estava em busca de um emprego quando uma oportunidade única surgiu: após prestar um concurso e ficar em terceiro lugar, viu aparecer uma vaga para ser coveiro depois que um dos selecionados não ter "aguentado o tranco” da função. 

Mesmo tendo medo de ver cadáveres, aceitou o desafio de trabalhar em um cemitério na cidade de Santo Amaro, no interior de Sergipe. Hoje, Gleibson é muito mais que um simples coveiro, ele se tornou uma verdadeira celebridade nas redes sociais depois que passou a mostrar sua rotina. 

Na cidade de pouco mais de 12 mil habitantes, o sujeito descobriu que não há necessidade de temer os mortos, mas sim os vivos, já que no cemitério havia muitos casos de violação de túmulos — o que mudou desde que ele passou a trabalhar lá. 

Já acostumado com tudo o que a profissão tem a oferecer, ele foi incentivado por uma prima a mostrar seu dia-a-dia nas redes sociais. Como sempre foi muito estudioso sobre sua função, Gleibson decidiu enfrentar o desafio de desmistificar sua profissão, mostrando procedimentos comuns que faz dentro do cemitério e até mesmo explicando como funciona alguns processos. 

Para você ter ideia, eu exumei o meu próprio pai para ter mais espaço e resolvi postar o vídeo nas redes sociais. Foi uma boa oportunidade de mostrar às pessoas como o corpo fica após um tempo, além de explicar todo o processo”, explicou em entrevista à BBC News Brasil. 

“Já fiz isso mais de uma vez, sempre com a responsabilidade de não expor a pessoa. Consultei um advogado para ver o que poderia ou não fazer, e agora consigo produzir esse conteúdo com ética, desmistificando uma profissão que sofre com más impressões", prossegue. 

Conforme explica, a exumação é o processo que mais desperta a curiosidade das pessoas. Em contrapartida, é um dos mais complicados de se fazer, visto que existem uma série de cuidados a se seguir, já que as gavetas dos caixões podem abrigar insetos, cobras e baratas.

Por conta disso, o coveiro usa todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) necessários, além de ter criado uma técnica para ter o menor contato possível com o cadáver e suas substâncias. 

Os vídeos de exumação geralmente despertam mais curiosidade nas pessoas. Um deles bateu mais de 1,5 milhão de visualizações. A gente exuma porque precisa de espaço nas gavetas, para que possamos enterrar mais pessoas”, diz. 

“Esse cemitério é o único da área urbana da cidade, então muita gente procura. Tento sempre deixar três ou mais gavetas disponíveis para não passar aperreio. Na época que a pandemia estava forte, infelizmente tivemos que trabalhar todos os dias ininterruptamente", explica. 

Mesmo assim, ele revela como consegue conciliar as duas funções: "Quando tem muita coisa para fazer, fica difícil de produzir um conteúdo legal. O que eu tento fazer é planejar os meus dias antecipadamente e ir gravando os conteúdos”. 

Segundo explica Gleibson, sua prima, aquela que lhe deu o conselho, lhe ajuda colhendo as dúvidas que surgem nos comentários dos vídeos. “Quando tem uma dúvida legal, já fico pensando em como saná-la. Descobri que as pessoas querem esse tipo de conteúdo, mas ele precisa ser feito pensando em cada plataforma. Posto algumas coisas no YouTube, outras no TikTok e em quantidade maior no Kwai, que aceita mais vídeos.”

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