Domínio Público - Mulher no Gueto de Varsóvia
Segunda Guerra

Estudo revela que quarentena e isolamento pararam surto de tifo no Gueto de Varsóvia

Com essas e outras medidas, em 1941, apesar das condições péssimas de alimentação e higiene, profissionais judeus salvaram dezenas de milhares de vidas

Vanessa Centamori Publicado em 25/07/2020, às 13h06

Em 1941, um grave surto de tifo atingiu o Gueto de Varsóvia na Segunda Guerra Mundial, onde havia 400 mil judeus amontoados em condições de fome e precariedade em plena Polônia nazista. Entretanto, médicos judeus conseguiram salvar dezenas de milhares de vidas. 

Um estudo internacional recente, publicado na Revista Science Advances, mostrou que o número de doentes começou a cair significativamente, poupando 100 mil pessoas de se contaminarem. O fim do surto da doença, que começou a se espalhar no início de 1941, ocorreu em outubro do mesmo ano. 

Em novembro, o número de novos casos caiu para 40%. Somente 10% da população do gueto estava afetada no período, mesmo com o inverno rigoroso, superlotação e falta de higiene — condições que podem agravar a contaminação. 

Gueto de Varsóvia / Crédito: Wikimedia Commons 

 

O quadro melhorou, segundo os pesquisadores, pois médicos judeus e líderes comunitários do gueto impuseram distanciamento social e quarentena para os infectados (na medida do possível no local superlotado). Além disso, houve conscientização sobre higiene, treinamentos de estudantes de medicina e palestras públicas. 

"Acontece que o gueto de Varsóvia tinha muitos médicos experientes presos", disse o líder do estudo, Lewi Stone, em comunicado. "Alguns deles sobreviveram para escrever sobre suas experiências e esboçar o básico. Para aprender mais, passei muitas e muitas horas em bibliotecas de todo o mundo procurando documentos ou publicações raras".

O tifo é causado pela bactéria Rickettsia prowazekii e é transmitido rapidamente por pulgas ou piolhos infectados. Causa tosse, febre, dores musculares e pode ser fatal em 40% dos casos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). "No final, parece que os esforços prolongados e determinados dos médicos do gueto e os esforços antiepidêmicos dos trabalhadores da comunidade foram recompensados", completou Stone. 

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