Cena do filme 'Oppenheimer' - Divulgação
Oppenheimer

Ex-prefeito de Hiroshima considera 'Oppenheimer' enviesado

Oito meses após a estreia mundial, Oppenheimer chegou aos cinemas do Japão e divide opiniões no país que viveu o horror da bomba atômica

Thiago Lincolins Publicado em 02/04/2024, às 10h56

Um dos filmes mais elogiados do último ano, 'Oppenheimer' foi lançado mundialmente em julho do último ano, entretanto, o Japão só vivenciou a estreia do longa na última sexta-feira, 29.

No filme, o público acompanha a saga de uma das mais devastadoras criações da História: a bomba atômica. Ao mesmo tempo, também são mostrados os desafios e obstáculos vividos por seu criador, o físico Julius Robert Oppenheimer.

No país que viveu, em 1945, o lançamento de duas bombas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, o filme dirigido por Christopher Nolan divide opiniões.

Enviesado

Na visão de Takashi Hiraoka, ex-prefeito de Hiroshima, o 'Oppenheimer' é enviesado. Durante entrevista à Associated Press, ele explicou que o filme não retrata suficientemente o horror das armas nucleares.

Do ponto de vista de Hiroshima, o horror das armas nucleares não foi suficientemente retratado. O filme foi feito de uma forma para validar a conclusão de que a bomba atômica foi usada para salvar a vida dos americanos", disse ele.

Por outro lado, o filme foi elogiado por Toshiyuki Mimaki, que tinha 3 anos quando presenciou o lançamento da bomba em Hiroshima. Durante entrevista à AP, ele relembrou o ataque a Pearl Harbor, cometido pelo Japão em 1941.

“O que os japoneses estavam pensando ao realizar o ataque a Pearl Harbor, iniciando uma guerra que eles nunca poderiam esperar vencer”, afirmou ele.

Mimaki, que preside a Organização da Confederação Japonesa de Sofredores de Bombas A e H, disse que esperava ver a cena do bombardeio.

Vale lembrar que o longa não se aprofunda no impacto da bomba nas cidades, mas os conflitos internos vividos pelo protagonista.

"Durante todo o filme, esperei e esperei que a cena do bombardeio de Hiroshima acontecesse, mas isso nunca aconteceu", explicou ele.

Já Kazuhiro Maeshima, professor na Sophia University e especializado na política dos EUA, Oppenheimer é "uma consciência americana". Para ele, Nolan pode ter desapontado aqueles que esperavam um filme 'anti-guerra'.

No entanto, retratar a história do físico nos cinemas não seria possível décadas atrás, momento em que a justificativa das armas nucleares dominava os sentimentos dos norte-americanos: "O trabalho mostra uma América que mudou dramaticamente".

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