Além disso, ao lado de Índia e EUA, nosso país é um dos que mais divulga desinformações causadas por disputas políticas internas
Fabio Previdelli Publicado em 23/11/2020, às 14h45
De acordo com o levantamento “Political (self) isolation” (Auto-isolamento político, em tradução livre), realizado pelo LAUT, INCT.DD e o laboratório de pesquisa forense digital do Atlantic Council, o Brasil é o único país do mundo onde a circulação de notícias falsas sobre o tratamento da Convid-19 com coloroquina, ivermectina e azitromicina continua a todo vapor. Vale ressaltar que a eficácia dos medicamentos já foi desmentida por diversos estudos.
O apontamento, que foi repercutido pela Folha, também mostra que além desse status, o Brasil também desponta, ao lado da Índia e dos Estados Unidos, como a nação que mais vincula desinformação sobre a pandemia, o que é causado por disputas políticas internas.
“Como nenhum desses medicamentos se provou eficaz [contra a Covid-19], a discussão esfriou na maioria dos países. No Brasil, no entanto, esses tópicos persistiram, a ponto de tornar o ambiente de discussão diferente do resto do mundo”, diz o levantamento.
As todo, notícias falsas sobre a hidroxicloroquina e a cloroquina foram relatadas 176 vezes no banco de dados — sendo essas versões de informações falsas que podem ter sido compartilhadas para milhões de pessoas. O país que mais teve ocorrências dessas fakes news foi o Brasil, com 75 casos. Completam o índice a Índia (29), França (26) e EUA (24).
“O que está influenciando o discurso das pessoas sobre a doença são posições políticas; isso dificulta incorporar informações científicas e o Brasil fica isolado”, explica Nina Santos, pesquisadora da INCT-DD e uma das autoras do estudo.
Para chegar nessa conclusão, o levantamento usou a base de dados CoronaVirusFacts Alliance, na Rede Internacional de Checagem de Fatos, e do Latam Chequea em português e espanhol, que compila checagens feitas por 100 agências, espalhadas em 134 países, sobre a desidnformação relacionada à Covid.
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