O quadro 'Dançarinas Ucranianas', de Edgar Degas - Divulgação/ National Gallery
Artes

Museu muda nome de quadro e põe fim a ‘apropriação cultural’ de russos a Ucrânia

Obra de Edgar Degas fica no National Gallery de Londres; entenda!

Fabio Previdelli Publicado em 18/04/2022, às 16h17

Nesta segunda-feira, 18, o National Gallery de Londres informou que rebatizou um quadro do pintor impressionista Edgar Degas. Desta forma, a obra “Dançarinas Russas” passou a ser chamada de “Dançarinas Ucranianas”. 

À AFP, a instituição informou que a mudança se deu como forma de atualizar “o nome da pintura para refletir melhor o tema da obra". O quadro, de autoria do francês, que morreu em 1917 aos 83 anos, mostra duas dançarinas com faixas azuis e amarelas presas nos cabelos — as cores são as mesmas da bandeira ucraniana. 

É quase certo que as bailarinas eram ucranianas e não russas", aponta o museu em nota publicada em seu site oficial

O pedido pela mudança do nome iniciou em 14 de maio, quando Tanya Kolotusha, ucraniana que vive em Londres, fez uma publicação em seu Instagram solicitando a troca, conforme aponta a Folha de S. Paulo. "Desde que a Rússia iniciou a guerra na Ucrânia, penso nesta obra e que as bailarinas não são russas, nem nunca foram".

"Os russos se apoderaram de muitos elementos da cultura ucraniana", disse Tanya, que no dia seguinte recebeu uma resposta do museu informando a troca. "É importante recuperar nosso patrimônio cultural e identificá-lo corretamente", afirmou à AFP. 

Arte como arma de Guerra

A narrativa também é corroborada por Olesya Khromeychuk, diretora do Instituto ucraniano em Londres. Em artigo publicado no jornal alemão Der Spiegel, ela destacou as estratégias russas durante a invasão à Ucrânia. “[Vladimir Putin] tem um dos maiores exércitos do mundo, mas utiliza também outras armas. A cultura e a história desempenham um papel predominante em seu arsenal".

"Por exemplo, cada passo por galerias ou museus em Londres com exposições de arte e cinema da URSS revelam interpretações deliberadamente falsas ou simplesmente preguiçosas que apresentam a região como uma Rússia infinita, como o atual presidente russo gostaria de vê-la", completou.

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