Doutor Jairinho em entrevista - Divulgação / Jornal da Record
Brasil

No dia da morte de Henry, Jairinho pediu pela liberação do corpo sem perícia do IML, diz executivo

"Vê se alguém dá o atestado pra gente levar o corpinho! Virar essa página”, teria dito o vereador, segundo depoimento de Pablo Menezes

Fabio Previdelli Publicado em 10/06/2021, às 12h00

Em 7 de março, o menino Henry Borel, de 4 anos, foi deixado pelo seu pai, Leniel, na casa da mãe do garoto, sua ex-esposa Monique. Por volta das 3h30 da madrugada, a criança foi levada às presas ao hospital por Monique e seu padrasto, o vereador Dr. Jairinho

Três meses após a morte do menino, o vice-presidente de operações e relacionamento da Qualicorp e conselheiro do Instituto D’Or de Gestão e Saúde, Pablo Menezes, enviou por escrito seu depoimento para o Conselho de Ética da Câmara Municipal, na noite da última terça-feira, 8. 

Menezes disse que recebeu ao menos três telefonemas de Jairinho durante aquela madrugada, pedindo para que o corpo do garoto fosse liberado sem passar por uma perícia no Instituto Médico Legal (IML). O executivo recebeu duas mensagens, às 4h57 e 6h56, antes de atender uma ligação à 7h17, segundo relata o UOL. 

"Amigo, assim que puder me liga", escreveu o vereador no primeiro horário citado. Duas horas depois, ele continuou: "Preciso de um favor aqui no Barra D'Or". Nesse meio tempo, por volta das 5h42, a equipe médica constatou a morte de Henry, que tinha lesões e hematomas no corpo.  

Ao Conselho de Ética, Menezes revela, por meio do documento, que Jairinho mostrava tranquilidade quando os dois se falaram por telefone, às 7h17. "Aconteceu uma tragédia", relatou o parlamentar, sem demonstrar qualquer emoção.  

Como aponta o UOL, o vereador havia contato sobre a morte de Henry e pediu para Pablo ajudá-lo a conseguir o atestado de óbito do garoto, sem que seu corpo fosse periciado. "Agiliza ou eu agilizo o [atestado de] óbito. E a gente vira essa página." 

Depois de ligar para o centro médico para entender o que estava acontecendo, Menezes foi informado que o menino havia chegado no local com um quadro de parada cardiorrespiratória e vários hematomas no corpo. Enquanto isso, Leniel queria que o corpo de seu filho passasse pelo IML. 

Em contrapartida, Jairinho insistiu para que isso não acontecesse, segundo explicita em mensagens. "Vê se alguém dá o atestado pra gente levar o corpinho! Virar essa página”. 

Foi então que Menezes respondeu o parlamentar, explicando tudo o que aconteceu. "Tem certeza que não tem mesmo nenhum jeito?”, insistiu Jairinho mais uma vez, agora por chamada de telefone. Ao ouvir a negativa do executivo, ele relatou que aquilo seira um pedido de Monique: “Amigo, a mãe que pediu”. 

No documento, Pablo Menezes diz que se sentiu desconfortável com a insistência e com o comportamento do vereador. "Eu não atenderia qualquer pedido ilegal e tinha a certeza de que os profissionais do hospital também não atenderiam", narrou ele.

notícias Crimes documento Perícia Depoimento mensagens Dr. Jairinho Caso Henry Borel Pablo Menezes IML liberação do corpo

Leia também

Madeleine McCann: mensagem deixada por amigo de suspeito mudou rumo das investigações


Maldição por trás da abertura da tumba de Tutancâmon é desvendada


Vila de Joseph Goebbels, ministro de Hitler, pode ser doada; entenda!


Nova série sobre a vida de Gandhi é inspirada em ‘The Crown’, entenda!


Justiça do Nepal limita número de alpinistas para 'deixar o Everest respirar'


China: Missão para coletar amostras do lado 'oculto' da Lua é lançada