Esqueleto encontrado pela equipe do MAE; à direita, sambaqui do litoral de Santa Catarina - Divulgação
Estudo

Nova hipótese sobre ocupação do litoral brasileiro há 2 mil anos é apontada em estudo

Realizado por pesquisadores do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, o estudo foi publicado no dia 21 deste mês

Giovanna Gomes Publicado em 25/03/2024, às 13h14

Em um estudo publicado na revista PLOS ONE em 21 de março, um grupo de pesquisadores do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), revelou novas descobertas sobre a ocupação do litoral brasileiro.

Contrariando hipóteses anteriores, o estudo mostra que os povos sambaquieiros do sítio Galheta IV, localizado na cidade de Laguna, em Santa Catarina, não foram substituídos por ancestrais dos povos indígenas do Sul.

Segundo André Strauss, professor do MAE-USP e coordenador do estudo, a interação entre os sambaquieiros e os povos proto-Jê foi significativamente menor do que se imaginava, com diferenças marcantes nas práticas funerárias e na cerâmica.

Além disso, os sambaquieiros viveram ali desde a infância e eram descendentes de outros que viveram naquele mesmo lugar”, diz Strauss, segundo o portal Galileu.

Parte da justificativa para a hipótese da substituição de um povo por outro se fundamenta na observação de eventos como o encerramento da construção de sambaquis, evidenciado especialmente em locais como Galheta IV. Os sambaquis consistem em extensas pilhas de conchas e ossos de peixes que serviram tanto como locais de habitação quanto como cemitérios, além de terem desempenhado um papel na demarcação de território.

O estudo também revela que a dieta desses povos era predominantemente composta por recursos marinhos, como peixes, e não havia evidências de cremação dos mortos, como era comum entre os proto-Jê do sul do país.

Além disso, a análise da cerâmica encontrada no sítio sugere que a influência dos proto-Jê pode ter sido apenas cultural, e não necessariamente uma substituição populacional. Os pesquisadores destacam que a presença de cerâmica com características distintas das encontradas no planalto catarinense indica um trânsito desses objetos pela costa, revelando uma nova expressão da materialidade humana na região costeira.

Ainda mais antigo

O estudo também reavaliou a cronologia do sítio Galheta IV, determinando que é mais antigo do que se pensava, com uma idade estimada entre 1.300 e 500 anos atrás. Essas descobertas abrem novas perspectivas para compreender as conexões entre os povos que habitaram o litoral brasileiro há milhares de anos.

Um novo projeto de pesquisa, coordenado pela professora Ximena Villagran do MAE-USP e apoiado pela FAPESP, irá investigar outro sítio arqueológico na região, o Jabuticabeira II, dando continuidade às investigações sobre a ocupação pré-histórica do litoral catarinense.

+ Confira aqui o estudo completo.

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