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Notícias / Mundo

Holandesa de 29 anos consegue direito a eutanásia por sofrimento mental

Zoraya ter Beek sofre de depressão crônica, ansiedade, trauma e transtorno de personalidade não especificado, e deve acabar com sua vida em breve

Zoraya ter Beek e imagem ilustrativa - Reprodução/Vídeo/YouTube/@thefreepress / Imagem de freepik
Zoraya ter Beek e imagem ilustrativa - Reprodução/Vídeo/YouTube/@thefreepress / Imagem de freepik

Recentemente, uma mulher holandesa de 29 anos teve seu pedido de morte assistida concedido, e deve acabar com sua vida nas próximas semanas. Alegando sofrimento mental insuportável, Zoraya ter Beek conseguiu aprovação para morte assistida após um longo processo de três anos e meio.

Conforme o The Guardian, o caso da holandesa causou grande controvérsia nos últimos anos, visto que, embora pedidos de morte assistida por pessoas com doenças psiquiátricas estejam se tornando mais recorrentes nos Países Baixos, ainda são bastante incomuns. Em 2010, houveram somente dois casos; em 2023, foram 138 (cerca de 1,5% do total de mortes por eutanásia).

As pessoas pensam que quando se está mentalmente doente não se consegue pensar direito, o que é um insulto", disse ela ao The Guardian.

"Compreendo os receios que algumas pessoas com deficiência têm sobre a morte assistida e as preocupações com o fato de as pessoas estarem sob pressão para morrer. Mas na Holanda já temos esta lei há mais de 20 anos. Existem regras muito rígidas e é muito seguro".

Vale mencionar que, na legislação holandesa atual, uma pessoa deve estar passando por "sofrimento insuportável, sem perspectivas de melhoria" para ser elegível à morte assistida, além de plenamente informados e competentes para tomar a decisão. E Zoraya ter Beek alega que se enquadra nesse tipo de caso.

Diagnosticada com depressão crônica, ansiedade, trauma, transtorno de personalidade não especificado e autismo, ela até chegou a pensar que poderia melhorar quando conheceu seu parceiro. "Mas continuei a me machucar e a me sentir suicida", alega.

Ao longo de sua vida, ela já passou por tratamentos intensivos, como terapias de fala, medicamentos e terapia eletroconvulsiva. "Na terapia, aprendi muito sobre mim mesma e sobre os mecanismos de enfrentamento, mas isso não resolveu os problemas principais. No início do tratamento, você começa esperançoso. Achei que iria melhorar. Mas quanto mais o tratamento dura, você começa a perder a esperança".

Hoje, após 10 anos em tratamentos, ela afirma que "não sobrou nada" que ela pudesse testar. "Eu sabia que não conseguiria lidar com a maneira como vivo agora", conta. Ela também menciona que até pensou em tirar a própria vida, mas a morte por suicídio violenta de uma colega de escola e o impacto que isso teve na família a desmotivaram.

Ela está buscando a morte assistida desde dezembro de 2020. "Nos três anos e meio que isto levou, nunca hesitei na minha decisão. Já me senti culpada — tenho companheiro, família, amigos e não sou cega à dor deles. E eu senti medo. Mas estou absolutamente determinada a continuar com isso".

Depois que um artigo sobre seu caso repercutiu na mídia holandesa e, logo, internacionalmente, ela disse que foi bombardeada de mensagens que até mesmo a fizeram excluir suas redes sociais.

"As pessoas diziam: 'Não faça isso, sua vida é preciosa'. Eu sei que outros disseram que tinham uma cura, como uma dieta especial ou medicamentos. Alguns me disseram para encontrar Jesus ou Alá, ou me disseram que eu queimaria no inferno. Foi uma merda total. Eu não consegui lidar com toda a negatividade".

+ O homem que cometeu 1º suicídio assistido da Itália: 'Lamento dizer adeus'

Considerações finais

Agora, Zoraya ter Beek conseguiu a aprovação para a morte assistida, já conheceu sua equipe médica, e espera que a morte ocorra ainda nas próximas semanas. "Sinto alívio. Foi uma luta tão longa", atesta. A eutanásia será realizada na casa dela.

"Eles vão começar me dando um sedativo e não vão me dar os remédios que param meu coração até eu entrar em coma. Para mim, será como adormecer. Meu parceiro estará lá, mas eu disse a ele que está tudo bem se ele precisar sair da sala antes do momento da morte", conta ela ao The Guardian.

Agora chegou o ponto, estamos prontos e estamos encontrando uma certa paz. Eu também me sinto culpado. Mas às vezes, quando você ama alguém, você tem que deixá-lo ir", finaliza a holandesa em entrevista.