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O que diz carta enviada à Pio XII que revela seu conhecimento sobre o holocausto

O documento de 1942 foi endereçado ao secretário do papa Pio XII e conteúdo divide opiniões sobre o papel da Igreja Católica no período

Redação Publicado em 18/09/2023, às 12h56 - Atualizado às 14h31

Uma carta datada de 14 de dezembro de 1942, escrita pelo padre Lother Koenig, um jesuíta que participou da resistência antinazista na Alemanha, levantou dúvidas sobre a postura da Igreja Católica em relação ao Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. O documento foi tornado pública com o apoio de um funcionário do Vaticano e divulgada no jornal italiano Corriere della Sera.

Endereçada ao padre Robert Leiber, secretário pessoal do Papa no Vaticano e também alemão, a carta é considerada um achado de grande relevância pelo arquivista do Vaticano, Giovanni Coco.

Ele descreve a carta como “enorme, um caso único” pois revela que o Vaticano tinha informações sobre os campos de trabalho nazistas, que eram, na realidade, centros de extermínio, segundo a CNN Brasil.

O que diz a carta

Na carta, Koenig relata a Leiber que suas fontes confirmaram que cerca de 6.000 poloneses e judeus eram assassinados diariamente nos "fornos da SS" no campo de Belzec, localizado perto de Rava-Ruska, que fazia parte da Polônia ocupada pelos alemães na época e atualmente está localizado no oeste da Ucrânia.

A novidade e a importância deste documento derivam de um fato: temos agora a certeza de que a Igreja Católica na Alemanha enviou a Pio XII notícias precisas e detalhadas sobre os crimes que estavam a ser perpetrados contra os judeus”, relatou Coco ao jornal em que o artigo foi publicado e intitulado como “Pio XII sabia de tudo”, em tradução livre.

Divulgação de informações

Essa revelação coloca em debate a atitude do Papa Pio XII em relação ao Holocausto. Seus apoiadores argumentam que ele trabalhou nos bastidores para ajudar os judeus e que manteve silêncio para evitar represálias contra os católicos na Europa ocupada pelos nazistas. No entanto, seus críticos alegam que ele não teve a coragem de divulgar as informações que possuía, apesar dos apelos das potências aliadas.

Giovanni Coco afirmou que a carta prova que Pio XII tinha conhecimento do Holocausto e não apenas disso, mas de outros crimes nazistas. O documento estava entre os registros armazenados aleatoriamente na Secretaria de Estado do Vaticano e só recentemente foi entregue aos arquivos centrais do Vaticano.

A diretora de Programas Acadêmicos Internacionais do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, em Washington, Suzanne Brown-Fleming, disse à Reuters através de um e-mail que a divulgação evidenciava que o Vaticano estava, de fato, levando a sério a declaração do Papa Francisco quando ele disse que “a Igreja não tem medo da história” assim que ordenou que os arquivos de guerra fossem abertos, no ano de 2019.

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