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Notícias / Neuralink

Neuralink: Veja os relatos do paciente que recebeu chip no cérebro

Após Noland Arbaugh, empresa de Elon Musk recebe permissão nos Estados Unidos e já pode fazer implante em segundo paciente

Gabriel Marin de Oliveira Publicado em 24/05/2024, às 17h31

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Nolan Arbaugh, primeiro paciente a receber o implante do chip cerebral da Neuralink - Reprodução/Neuralink
Nolan Arbaugh, primeiro paciente a receber o implante do chip cerebral da Neuralink - Reprodução/Neuralink

A primeira pessoa a receber um chip cerebral da Neuralink, empresa de Elon Musk, teve apenas 15% dos conectores funcionando, o restante se soltou do cérebro. Isso obrigou a empresa a recalibrar o sistema para que o paciente pudesse continuar usando o dispositivo.

Essa falha foi revelada pela Neuralink no início do mês e detalhada na última quarta-feira, 22, pelo The New York Times. Conforme o jornal, a empresa ajustou o sistema do chip para que o paciente pudesse novamente controlar um computador com seus pensamentos.

Noland Arbaugh, que perdeu o movimento abaixo do pescoço após bater a cabeça ao mergulhar em um lago, se voluntariou para receber o chip nos testes da empresa de Musk. Ele admitiu que teve receios após ser escolhido como o primeiro a receber o implante.

Sou tetraplégico e tudo que realmente tenho é meu cérebro. Então, deixar alguém mexer lá e bagunçar é um grande compromisso. Eu queria ajudar e não queria deixar meus medos atrapalharem isso", disse Arbaugh à Wired.

Ele teve a opção de deixar o estudo e retirar o implante no início de 2024, no entanto, disse que espera continuar trabalhando com a Neuralink, que afirma que o estudo terminará em cerca de seis anos.

"[O chip] me tornou mais independente e isso ajuda não só a mim, mas todos ao meu redor. Me faz sentir menos desamparado e menos um fardo", disse ele. "Além de estar curado, acredito que o que a maioria dos tetraplégicos deseja é independência."

A Neuralink já pode implantar seu chip em uma segunda pessoa, após receber autorização da Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA).

Quem é Noland Arbaugh?

Noland Arbaugh nasceu em Yuma, Arizona, uma cidade com cerca de 100 mil habitantes. Em 2016, enquanto trabalhava como monitor de acampamento, ele sofreu uma lesão na medula espinhal ao mergulhar em um lago.

Arbaugh contou à imprensa dos EUA que bateu a cabeça em algo e, em seguida, sentiu seu corpo afundar. Ao retornar à superfície, não conseguia mais mover braços e pernas, necessitando de uma cadeira de rodas para se locomover.

Até receber o chip da Neuralink, Arbaugh não encontrou bons dispositivos para ajudar pessoas com paralisia a controlarem outros aparelhos. A solução era pedir que alguém colocasse um bastão em sua boca para ajudá-lo a usar um tablet.

Em 2023, um amigo contou a Arbaugh sobre o teste da Neuralink em humanos e o incentivou a se inscrever. O processo até a confirmação levou um mês e envolveu entrevistas e exames médicos.

"Durante todo esse processo, eles me disseram que, a qualquer momento, se eu não atendesse a um dos critérios, eles seguiriam em outra direção", disse Arbaugh. "Tentei diminuir qualquer expectativa porque não queria ter muita esperança e me decepcionar. Foi difícil não ficar animado, mas acho que precisava disso para me manter com os pés no chão durante todo o processo."

Como foi implantar o chip?

Aprovado, Arbaugh passou por uma nova rodada de testes no hospital onde faria o implante, com cerca de oito horas de exames de sangue, urina e análises cerebrais.

"Se alguma coisa mudasse [em termos cognitivos], eles poderiam saber como eu estava quando comecei. Foi um longo dia", disse ele.

O implante envolveu o corte de um pequeno círculo em seu crânio e a inserção do chip, que tem o tamanho de uma moeda. O chip Telepathy, da Neuralink, é uma interface cérebro-computador, que analisa sinais cerebrais e os transforma em comandos para outro dispositivo eletrônico.

Para funcionar, o chip deve ser calibrado: Arbaugh teve que pensar repetidas vezes em movimentos como mexer os dedos para os lados e apertar botões. Embora ele não consiga se movimentar, seu cérebro emite sinais que são lidos pelo chip.

Ele descreveu o chip como muito intuitivo, permitindo usar vários aplicativos em seu computador ao mesmo tempo, sem muito esforço para a navegação. "O que estou pensando o tempo todo é exatamente onde quero que o cursor vá".

Problemas

Arbaugh percebeu que algo estava errado com o implante quando perdeu o controle total que tinha sobre os movimentos do cursor do computador. Inicialmente, acreditou que a Neuralink poderia ter feito uma mudança no programa base do chip.

No entanto, a maioria dos fios do implante havia se soltado do cérebro. "Não sabia que isso era possível. Não acho que eles já tinham visto isso em um dos testes com animais", disse Arbaugh. "Nunca foi previsto que isso aconteceria em mim".

Para contornar a falha, a Neuralink atualizou o sistema para que ele ficasse sensível a sinais cerebrais mais sutis. A empresa avaliou que a situação havia se estabilizado e não recomendou uma nova cirurgia para reconectar os fios.

O paciente também percebeu que seu controle sobre o cursor melhorou após a atualização. "Foi apenas um pequeno ajuste que eles fizeram no lado do software e, a partir desse ponto, as coisas foram melhorando cada vez mais".

Com a autorização nos EUA para um segundo implante, a empresa de Elon Musk já pode testar melhorias para seu chip em outro paciente. Embora, segundo apurou o G1, a companhia ainda não revelou se já escolheu um candidato.


*Sob supervisão;