Tradição secular de Goiás é confundida com Ku Klux Klan

No final do mês de março, a bateria da Atlética do curso de Medicina da PUC-Goiás recebeu inúmeros comentários nas redes sociais, questionando a similaridade do símbolo do grupo estudantil com as roupas usadas pelos supremacistas brancos da Ku Klux Klan. Porém, o logo faz referência à tradição goiana da Procissão do Fogaréu, que acontece todo ano na cidade de Goiás, no estado de mesmo nome.

A Ku Klux Klan é um grupo de supremacistas brancos que foi fundado na segunda metade do século 19. A organização existe até hoje, e foi central na segregação racial e na violência racista praticadas nos Estados Unidos, especialmente durante o século 20. Os membros da KKK usam roupas brancas com capuzes cônicos e pontudos, escondendo o rosto. Esse uniforme é bem semelhante ao dos farricocos, da Procissão do Fogaréu.

De acordo com informações do UOL, a Bateria Caótica, da Medicina da PUC-Goiás, vai mudar sua identidade visual, que homenageava a festa típica do Goiás, por causa da repercussão negativa e da confusão com a KKK.

O que é

A Procissão do Fogaréu é uma celebração católica que acontece todo ano na quinta-feira santa. Durante a madrugada, 40 homens vestindo túnicas coloridas com capuzes pontudos em formato de cone saem pelas ruas com tochas na mão. Esses são os farricocos, figuras que representam os soldados romanos que foram enviados para prender Jesus.

A procissão dos homens termina em uma cerimônia que simboliza a prisão de Jesus, seguida por uma homilia proferida pelo bispo da Diocese de Goiás. A Procissão do Fogaréu começou a acontecer em 1745, com o padre espanhol Perestelo de Vasconcelos.

Os farricocos são figuras anônimas, que não revelam sua identidade e tradicionalmente vão à procissão para se penitenciar por algo. A roupa estranha foi inspirada pelos algozes dos tempos medievais, e não pelos supremacistas brancos norte-americanos. A Procissão do Fogaréu também atrai diversos turistas ao Goiás.