Protestantes queimando bandeira norte-americana na embaixada dos EUA no Irã, 1979 - Getty Images
Oriente Médio

444 dias em cativeiro: a grande crise dos reféns norte-americanos no Irã

Em 1979, um protesto de estudantes transformou-se num dos mais longos sequestros da história

Isabelle Somma Publicado em 10/01/2020, às 08h00

Na manhã de 4 de novembro de 1979 (dez meses após a revolução que levou o aiatolá Khomeini ao poder), uma passeata de estudantes universitários parou em frente ao prédio da embaixada de Teerã. Eles protestavam contra a ida do exilado xá Reza Pahlevi para os Estados Unidos.

Entre palavras de ordem, o clima esquentou e, de repente, o grupo invadiu os portões e 500 estudantes ocuparam o prédio, onde havia 90 pessoas. Seis delas fugiram pelos fundos, pulando o muro.

Manifestantes iranianos antiamericanos em Teerã / Crédito: Getty Images

 

Os iranianos exigiam a extradição do xá e a promessa de que os Estados Unidos deixariam de interferir no país. Em retaliação, o então presidente norte-americano, Jimmy Carter, cancelou as importações de petróleo do Irã e ordenou o bloqueio de 8 bilhões de dólares de fundos do país depositados em bancos norte-americanos.

Mas a pressão econômica não foi suficiente para convencer os sequestradores. E as autoridades iranianas não tinham a menor intenção de interferir. Pelo contrário, apoiavam as exigências. Dez dias depois, negros e mulheres foram libertados.

Depois, mais um refém foi solto com problemas de saúde. Restaram 52. Em abril de 1980, uma tentativa de resgate foi arquitetada pelo governo norte-americano. Um comando formado por oito helicópteros e 60 soldados entrou no espaço aéreo iraniano, mas antes que chegasse à capital, foi surpreendido por uma grande tempestade de areia, no sudeste do país.

Reféns norte-americanos sendo levados com olhos vendados / Crédito: Getty Images

 

Três aeronaves caíram, matando oito militares. A missão foi cancelada e os iranianos descobriram a tentativa pouco tempo depois. A vigilância foi redobrada. Os reféns tinham direito a apenas um banho e poucas horas de sol por semana e, quando saíam por confinamento, eram vendados.

Segundo um dos reféns, Robert C. Ode, escreveu em seu diário em setembro de 1980, a vida não era tão dura assim.

“Todos os dias são iguais. Faço exercícios, estudo espanhol, escrevo cartas. Jogamos três ou quatro partidas de caça-palavras pela manhã. A tarde, leio.”

Com a morte de Rehza Pahlevi, em julho, a crise parecia acabada. Mas o impasse permaneceu, e até hoje é apontado como um dos motivos que derrotaram Carter na tentativa de reeleição em 1980.

No dia da posse de Ronald Reagan, em 20 de janeiro de 1981, o dinheiro iraniano retido foi desbloqueado e os reféns, libertados após 444 dias em cativeiro.


+Saiba mais sobre esse tema através das obras abaixo

1. Os Iranianos, de Samy Adghirni - https://amzn.to/37MRzzk

2. O xá dos xás, de Ryszard Kapuscinski - https://amzn.to/37QjRJi

3. Khomeini: Life of the Ayatollah, de Baqer Moin - https://amzn.to/2Tb2TS0

4. Islam and Revolution: Writings and Declarations of Imam Khomeini (1941-1980), de Imam Khomeini - https://amzn.to/39Vlpnd

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, assinantes Amazon Prime recebem os produtos com mais rapidez e frete grátis, e a revista Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página. 

Estados Unidos Irã sequestro Jimmy Carter Teerã Xá Reza Pahlevi 1979

Leia também

O príncipe Harry ainda conseguiria assumir o trono britânico?


Além de Larry: Relembre outros personagens que morreram em "Os Simpsons"


30 anos sem Senna: O legado do piloto que virou ídolo nacional


Quatro Dias com Ela: Veja a história real por trás do filme


Do kart ao estrelato: As curiosidades sobre a carreira heroica de Ayrton Senna


Bebê Rena: Veja 5 diferenças entre a série e a história real