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Curiosidades / Personagem

A cruzada anticomunista de Ronald Reagan

Nos anos 80, a América Central virou frente de batalha da Guerra Fria. Reagan de tudo tentou para impedir que a "ameaça comunista" se alastrasse

Redação Publicado em 03/11/2019, às 14h54

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Ronald Reagan, o cowboy na Casa Branca - Getty Images
Ronald Reagan, o cowboy na Casa Branca - Getty Images

Fora dos Estados Unidos, Reagan liderou uma cruzada anticomunista. Com a chamada “Doutrina Reagan”, financiou grupos armados ao redor do mundo, como paramilitares em Honduras, além de oferecer apoio às políticas repressoras de vários presidentes latino-americanos, inclusive os do Brasil.

O sinal verde de Reagan girava em torno de um “bem” maior: combater a influência da União Soviética. A prioridade na América Latina foi o apoio às guerrilhas conhecidas como Contras, que se opunham ao governo sandinista (marxista) da Nicarágua.

Esse tipo de guerra indireta era comum dentro da estratégia de “contenção” da Guerra Fria, mas Reagan inovou ao dizer que os Estados Unidos deveriam intervir diretamente num país se fosse preciso. E foi: em 25 de outubro de 1983, tropas americanas invadiram a ilha caribenha de Granada. Qual o interesse em um país com meros 340 km2? O movimento marxista radical New Jewel tinha tomado o poder e a alegação oficial era uma: universitários americanos correriam perigo por lá.

Mas, claro, havia mais nas entrelinhas: a invasão pôs fim a quatro anos de experimento marxista. “Ela serviu de advertência aos outros países do Terceiro Mundo”, diz o cientista político Stephen Zunes, da Universidade de São Francisco, num artigo do instituto Global Policy Forum.

Além do mais, os americanos estavam preocupados com outra coisa: dois dias antes da invasão a Granada, um terrorista suicida explodira um caminhão contra o quartel das forças multinacionais de paz em Beirute, no Líbano, matando 242 americanos. “O apoio dos americanos às forças armadas estava altíssimo naquele momento”, afirma Zunes. Por isso, 63% deles eram a favor a invasão da ilha.

A maioria dos americanos também perdoou o presidente ao saber que funcionários de seu governo venderam armas ilegalmente para o Irã e usaram o dinheiro para financiar os Contras na Nicarágua, no famoso escândalo Irã-Contras. Os sucessores de Reagan aprenderiam o segredo: quando tudo vai mal, continue sorrindo.

“Ironicamente, o legado de Reagan foi positivo para a América Latina”, diz Riordan Roett, diretor do Programa de Estudos Latino-Americanos da Universidade Johns Hopkins, Estados Unidos. “O conflito dos Contras levou a um acordo negociado durante o governo do primeiro Bush [sucessor de Reagan], e as eleições se tornaram norma”, diz, referindo-se ao fato de que Reagan acabou contribuindo para a consolidação da democracia na região.

No melhor estilo Luke Skywalker, Reagan também idealizou o programa “Guerra nas Estrelas” – um escudo espacial para interceptar os mísseis nucleares soviéticos. O projeto nunca saiu do papel, mas levou a corrida armamentista ao limite e precipitou o caos econômico de Moscou.

Claro que Reagan não teria tido tanto sucesso sem a ajudinha do presidente soviético, Mikhail Gorbachev, com quem negociou a redução de armas atômicas. Ao promover a abertura econômica e política (perestroika e glasnost), Gorbachev gerou um efeito dominó no Leste Europeu que culminou com a queda do Muro de Berlim, em 1989.

Conheça as tentativas frustradas de Reagan para "combater o inimigo".

Honduras

O problema: Grupos de esquerda representavam ameaça, assim como a tomada de poder pelos sandinistas na vizinha Nicarágua, que poderia gerar um efeito-dominó na região.

A solução: Honduras virou base da guerra contra os sandinistas. Lá, os americanos treinavam e armavam os Contras. Já Cuba usava Honduras como um conduto para levar armas soviéticas aos rebeldes salvadorenhos.

O resultado: Aumentaram os combates na América Central.

El Salvador

O problema: Foi palco de uma guerra civil entre a ditadura militar (apoiada por esquadrões de extrema-direita) e grupos comunistas, entre eles a frente Farabundo Martí de Liberação.

A solução: Os Estados Unidos treinaram e armaram militares do governo – Cuba e os sandinistas fizeram o mesmo com os guerrilheiros.

O resultado: 75 mil mortos e 1 milhão de refugiados.

Nicarágua

O problema: Em 1979, a Frente Sandinista de Liberação Nacional (de cunho marxista) derrubou o líder Anastasio Somoza, cuja família governara o país por décadas.

A solução: Reagan tentou desestabilizar os sandinistas financiando grupos armados, os Contras. A grana provinha da venda ilegal de armas ao Irã.

O resultado: Cerca de 50 mil mortos.

Granada

O problema: Bernard Coard, líder de uma facção radical do movimento marxista New Jewel, deu um golpe contra o primeiro-ministro Maurice Bishop em 1983, que já era um governo de esquerda, menos radical.

A solução: Reagan invadiu a ilha: 8 mil soldados americanos se aliaram a 300 de países caribenhos. Do outro lado, estavam 1500 militares de Granada e 600 de Cuba, que jogaram a toalha.

O resultado: Cerca de 100 mortos.


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