O soldado russo Serioja Aleshkov - Wikimedia Commons
Personagem

A melancólica história do menino que se tornou soldado mirim na Segunda Guerra

Serioja Aleshkov começou a fazer parte do exército com apenas 6 anos de idade

Paola Orlovas, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 07/11/2021, às 09h00

A Segunda Guerra Mundial foi um conflito que deixou diversas marcas nas vidas daqueles que viviam no continente europeu, mas a história de Serioja Aleshkov, um menino órfão, natural de uma vila chamada Grin, na região russa de Kaluga, que tinha apenas seis anos de idade quando foi encontrado vagando sem rumo por uma floresta pelo 142º Regimento de Fuzileiros de Guardas do Exército Vermelho, é quase inédita. 

O menino foi resgatado já magro e faminto, tendo perdido seu pai antes da guerra e visto sua mãe e irmão serem executados pelos nazistas por causa de vínculos com os guerrilheiros.

Ele rapidamente foi adotado pelo comandante do regimento, Mikhail Vorobiov, e desde então, não quis parar de ajudar nas funções dentro do quartel, se tornando um entregador de cartas e jornais, fazendo rondas e buscando sempre por novas instruções. 

Certa vez, ainda antes de ter participações maiores, Serioja foi até capaz de avistar espiões de artilharia alemães escondidos em um palheiro, e após comunicar seus “superiores” a ameaça foi neutralizada, dando uma pequena de muitas vitórias ao menino e ao Exército Vermelho. 

Foi em novembro de 1942 que o curso de uma vida já pouco comum se tornaria ainda mais inacreditável, quando Aleshkov salvou seu pai adotivo, que estava enterrado sob destroços em Stalingrado.

Em um ato heroico, o menino, após entender que não seria capaz de desenterrá-lo sozinho, buscou pela ajuda de adultos, o que fez com que o comandante Mikhail Vorobiov não perdesse sua vida na ocasião. Pelo feito, a criança acabou sendo premiada com uma medalha de Mérito em Combate.

No entanto, sua trajetória não conta apenas com vitórias. Serioja levou uma vida difícil, quase se afogou no rio Severni Donets e sobreviveu a uma explosão de mina terrestre perto de um veículo onde estava.

Além disso, foi atingido no calcanhar por soldados alemães ainda quando pequeno, após vestir um uniforme de tenente júnior em meio a uma piada entre os soldados soviéticos. Tudo aconteceu porque o brilho da vestimenta acabou atraindo o olhar dos nazistas, que atiraram no “oficial” com uma rajada de metralhadora.

O irmão adotivo de Serioja, Viatcheslav Vorobiov, filho biológico do comandante, contou um pouco sobre os sentimentos do pai sobre o terrível acontecimento em um depoimento ao portal Russia Beyond:

Meu pai, mais tarde, se culpou demais por isso”, afirmou o homem.

Sua jornada com o batalhão chegou ao fim durante uma missão na Polônia, quando um general soviético chamado Vassíli Tchuikov, que comandava o 62º Exército, no qual o menino servia, pediu para que Aleshkov fosse enviado para a escola militar Suvorov e deixasse o serviço, mas não antes de dá-lo outro prêmio por sua honra e mérito, uma pistola da marca americana Browning.

Seu fim, após já ter se afastado do exército há anos, seria menos glamouroso e ainda mais trágico, senão comum. Serioja acabou se formando em Direito, e viveu na região dos Urais para o resto da sua vida, falecendo jovem, ao ter ataque cardíaco em 1990, aos 54 anos de idade.

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