Há 65 anos foi encontrado um navio egípcio cuja utilidade permanece desconhecida até hoje
André Nogueira Publicado em 30/05/2019, às 14h00
Um dos grandes mistérios da arqueologia egípcia envolve uma importante descoberta que completou 65 anos no último dia 26 de maio. O desenterramento do navio de Quéops (em egípcio, Khufu), faraó da Quarta Dinastia, trata-se de um dos mais antigos barcos conhecidos pela arqueologia, e cuja utilidade prática se discute, sem certeza, até hoje.
Uma das principais razões do mistério do navio Quéops é o fato dele ter sido encontrado enterrado sob a areia. Em uma expedição do arqueólogo Kamal el-Mallakh no complexo de Gizé, explorava-se uma fileira de blocos de calcário quando se revelou um grande cofre hermético cobrindo um buraco retangular.
Dentro dele, guardado há 4.500 anos, havia o navio papiriforme, desmontado em mais de 1.200 peças. O sítio está no lado Sul da Grande Pirâmide, entrelaçado entre os monumentos mortuários do local.
Com a supervisão do restaurador do Ministério de Antiguidades, Haj A. Youssef, o barco foi remontado a partir do estudo de modelos encontrados em túmulos antigos e estaleiros contemporâneos no Nilo. A peça final mede cerca de 40 metros de comprimento e 6 de largura.
Alguns historiadores acreditam que o navio foi construído para o faraó em vida, ou mesmo no fim dela, para o deslocamento do corpo mumificado para o Vale dos Reis. Essa hipótese conflui com a ideia de que Quéops teria encomendado a Pirâmide de Gizé no fim da vida para seu sepultamento.
Porém, uma minoria de pesquisadores vê indícios de que o formato do navio detém o segredo da construção do complexo de pirâmides. A partir dos vestígios da época, essa teoria aponta que a assimetria do barco é pensada para usá-lo como guindaste flutuante para levantar os blocos de pedra pesados.
A favor dessa hipótese, a superfície do convés do navio possui marcas de desgastes, provavelmente da movimentação dos blocos, demonstrando o uso do objeto para além de um símbolo religioso.
Ao mesmo tempo, o barco tem um projeto similar à embarcação-solar celeste do deus Rá (o Atet). Representações de barcos-solares no Antigo Egito eram feitas de cedro, usualmente para rituais religiosos.
O navio de Quéops está atualmente no Museu do Barco Solar, perto das Grandes Pirâmides de Gizé.
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