O grande artista foi expulso da comunidade surrealista por se interessar pelo Fuhrer. Entenda!
Joseane Pereira Publicado em 17/01/2020, às 14h55
Na primeira metade do século 20, quando o Nazismo passou a realizar ações abomináveis, artistas e intelectuais ao redor do mundo foram exprimindo grande aversão ao regime de Hitler. E não foi diferente no Movimento Surrealista, que surgiu entre as vanguardas modernistas de Paris após a Primeira Guerra Mundial.
Entretanto, um dos maiores artistas desse movimento ia contra a corrente: Salvador Dalí, que era estranhamente fascinado por Hitler.
O fascínio
Personagem curioso e excêntrico, Dalí foi um dos maiores pintores surrealistas da Espanha, que, com pinturas bizarras e oníricas, chamava muita atenção ao redor do mundo. Entretanto, seu fascínio pelo ditador nazista criou conflitos entre ele e seus colegas.
Sua obra dessa vertente que chama mais atenção é O Enigma de Hitler, de 1938, que mostra uma pequena fotografia do ditador em um prato vazio, repleto de imagens simbólicas em volta. Tanto a pintura quanto o apoio de Dalí ao regime de Francisco Franco, no contexto da Guerra Civil Espanhola, foram o suficiente para sua expulsão da Comunidade Surrealista Internacional.
Na ocasião, o pintor francês Andre Breton, então líder da comunidade, acusou Dalí de defender o novo e irracional fenômeno Hitler. Diante disso, ele respondeu “Eu não sou hitleriano de fato, nem de intenção”. Mas sua fama já estava feita: muitos surrealistas passaram a falar em Dalí no passado, como se ele estivesse morto, tratando a questão de forma polêmica por muito tempo.
Pinturas controversas
Após ser expulso, ele deixou a Europa para ir morar nos Estados Unidos. Mas não parou por aí: em 1958, Dalí pintaria “A metamorfose do rosto de Hitler em uma paisagem enluarada com acompanhamento”. Ao virar a pintura de lado, é possível ver uma representação do nariz e bigode do ditador. Comentando sobre ela, o autor diria que "muitas vezes sonhava com Hitler como outros homens sonhavam com mulheres".
Outro quadro, intitulado Hitler Masturbating, alimentou ainda mais controvérsia no mundo da arte. A questão agora era se o pintor tinha simpatia pelo regime opressor ou se as pinturas eram apenas uma representação de seus desejos sexuais inconscientes, retratados através do simbolismo. Até hoje, a dúvida persiste.
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