Escaneamento de família romana enterrada engessada - Divulgação/Universidade de York
Arqueologia

Varredura 3D revela família romana enterrada coberta por gesso há 1,7 mil anos

Varredura e pesquisa foi feita por pesquisadores da Universidade de York, em parceria com o York Museums Trust e o Heritage360

Éric Moreira, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 10/06/2023, às 13h20

Pesquisadores da Universidade de York, em parceria com a instituição York Museums Trust e o centro de pesquisa Heritage360, realizaram recentemente um escaneamento em 3D do túmulo de uma antiga família rica romana, que morreu há cerca de 1,7 mil anos. A peculiaridade da sapultura, porém, é que os corpos foram todos cobertos por gesso líquido antes de serem de fato enterrados.

De acordo com a Revista Galileu, o túmulo em questão compõe a coleção do Museu de Yorkshire, na cidade de York, Inglaterra, onde existem um total de 16 desses invólucros em gesso. Ainda é descrito que, normalmente, somente um indivíduo era enterrado por caixão entre os romanos, mas para o projeto desenvolvido foi escolhida justamente a sepultura divergente, onde havia toda uma família — dois adultos e uma criança.

Denominado "Projeto York", a iniciativa utiliza a técnica de escaneamento em 3D para analisar e estudar a prática funerária romana de derramar gesso líquido sobre os corpos a serem enterrados. A razão para o estudo se deve ao fato de que especialistas ainda não entendem a utilização do gesso sobre as pessoas vestidas dentro de caixões antes de enterrá-los. 

Depois que o material endurece nos caixões, forma-se uma cavidade interna que preserva não só a posição original e contornos dos mortos, como também a impressão das mortalhas, roupas e calçados. 

Restos de antigo enterro romano engessado / Crédito: Divulgação/York Museums Trust

 

Costume para quem?

Até o momento, os pesquisadores ainda não puderam concluir por que e a quem servia a prática de cobrir o corpo com gesso antes de enterrar na Roma Antiga, mas aparentemente este seria um costume entre pessoas de mais alto status naquela sociedade. Isso é pensado pois, nas roupas e invólucros dos cadáveres, foram identificados traços de resinas aromáticas originárias do Mediterrâneo e da Arábia que só a elite tinha acesso.

Vale pontuar ainda que o costume não era observado em toda a extensão do antigo Império Romano. Embora o hábito seja visto também em outros lugares da Europa e no norte da África, são mais recorrentes na região da Grã-Bretanha, onde foram registrados pelo menos 45 invólucros do tipo desde o final do século XIX.

"As imagens 3D nos permitem testemunhar uma comovente tragédia familiar quase 2 mil anos após sua ocorrência, lembrando-nos não apenas da fragilidade de vida na antiguidade, mas também o cuidado investido no enterro deste grupo de pessoas", destaca em comunicado Maureen Carroll, professora e chefe de arqueologia romana da Universidade de York.

A varredura revelou também que todos os corpos da família analisada foram envoltos da cabeça aos pés em mortalhas e tecidos, havendo laços amarrando-os sobre a cabeça de um dos adultos e as faixas de pano que envolvem a criança.

Agora, os pesquisadores aguardam um grande financiamento para prosseguirem com o estudo, para determinar as idades, sexo, dieta e origem geográfica dos mortos, bem como entender o status social dos tecidos e as razões culturais para o uso do gesso.

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