Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Curiosidades / A Grande Entrevista

A Grande Entrevista: Veja a história real que inspirou filme da Netflix

Em A Grande Entrevista, lançamento da Netflix, o filho da rainha Elizabeth II, Andrew, decide dar uma entrevista após grande polêmica

por Thiago Lincolins

tlincolins_colab@caras.com.br

Publicado em 05/04/2024, às 19h01 - Atualizado em 09/04/2024, às 20h04

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Príncipe Andrew: Ficção e realidade - Reprodução/Vídeo/Youtube
Príncipe Andrew: Ficção e realidade - Reprodução/Vídeo/Youtube

Envolvido em um grande escândalo público, o príncipe Andrew, filho da rainha Elizabeth II, concorda em dar uma entrevista bombástica. No entanto, a conversa mancha ainda mais a imagem do membro da monarquia britânica. 

Essa é a sinopse do filme 'A Grande Entrevista', já disponível no catálogo da plataforma de streaming Netflix. Na história, que mistura fato e ficção, o público acompanha o trabalho por trás das profissionais que conseguiram a entrevista da BBC, em 2019, e como a transmissão resultou numa polêmica mundial. 

Mas, qual a verdadeira história por trás da entrevista? Em que polêmica o príncipe Andrew se envolveu? O que ele disse na conversa? Relembre abaixo!

A história resgata a polêmica de tráfico sexual que envolveu o príncipe Andrew, então duque de York, e terceiro filho da monarca Elizabeth II.

Uma americana chamada Virginia Giuffre, alegou que, em 2001, quando tinha 17 anos, foi violada sexualmente pelo príncipe. Vale lembrar que o caso englobou as denúncias em torno do tráfico sexual do empresário Jeffrey Epstein, que era amigo do filho da monarca.

Durante participação no programa 'Newsnight', da BBC, em novembro de 2019, o então duque de York foi questionado a respeito de sua aproximação com Epstein e as alegações de Giuffre.

Os relatos

Um dos momentos mais intrigantes da entrevista com Emily Maitlis ocorreu quando Andrew relembrou um encontro que teve com Epstein em 2010. Na época, o traficante sexual já havia sido condenado. 

Cena do filme 'A Grande Entrevista' - Divulgação/Netflix

Andrew, então, afirmou que o encontro foi marcado para explicar que a amizade havia chegado ao fim. O filho da rainha alegou considerar falar por telefone, entretanto, decidiu encontrar o empresário 'para mostrar liderança'.

"Achei que fazer isso por telefone não era a maneira adequada. Eu tinha de ir vê-lo e conversar com ele", explicou ele.

O príncipe também se pronunciou a respeito das acusações de Giuffre. Ela disse que conheceu o membro da família real em Londres em 2001. Eles jantaram, foram até uma boate e depois tiveram relações sexuais na residência de Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein, localizada em Belgravia.

A entrevista pontuou, por exemplo, que a acusadora relembrou que o nobre 'suava muito'. Ele, entretanto, disse que não transou com a jovem. Ao rebater a acusação, afirmou que a história contada por ela não seria possível. 

Eu não suava na época porque havia sofrido o que descreveria como uma overdose de adrenalina na Guerra das Malvinas, quando fui baleado e eu simplesmente... era quase impossível eu suar", afirmou ele.

Na entrevista, ele também negou a autenticidade de uma foto revelada por Giuffre. Na fotografia, Andrew aparece ao lado da garota. De acordo com o filho da rainha, foi investigado se o registro, ou parte dele, não seria uma manipulação. Ele disse que o traje mostrado na imagem apoia a sua suspeita.

"Não acredito que seja uma foto minha em Londres porque, quando saio em Londres, uso terno e gravata", afirmou ele. "Isso é o que eu descreveria como... essas são minhas roupas de viagem, (que eu uso) se estiver indo para o exterior", afirmou. "Ninguém pode provar se a fotografia foi ou não manipulada, mas não me lembro de ter sido tirada."

Além disso, o duque de York disse que o encontro em 2001 não seria possível, afinal, ele se encontrava no Pizza Express com Beatrice, sua filha, naquele momento. Intrigada com a memória do príncipe, Emily Maitlis questionou por que ele se lembraria de um dia tão específico.

Ir ao Pizza Express em Woking é uma coisa incomum para mim", afirmou ele. "Lembro-me disso de maneira estranha e distinta".

Sobre a relação com Epstein, o irmão do rei Charles III afirmou que a aproximação proporcionou "alguns resultados muito benéficos" quando ele tentava deixar a carreira na marinha e focava em ser representante do comércio e indústria.

O príncipe Andrew durante a entrevista - Reprodução/Vídeo

"As pessoas que eu conheci e as oportunidades que tive para aprender, por ele ou por causa dele, foram realmente muito úteis", relembrou.

A entrevista se tornou mais uma das muitas polêmicas que envolvem a monarquia britânica. Spencer Kuvin, um dos advogados das mulheres que acusaram Epstein, lamentou a postura do príncipe, que, em sua visão, teria que "se desculpar por sua amizade com o agressor sexual condenado". 

Para ele, a família real 'falhou' com as mulheres que acusaram o empresário. "O simples fato de ele (Andrew) ser amigo de um criminoso sexual condenado e optar por continuar seu relacionamento com ele, isso mostra uma falta de reconhecimento da amplitude do que esse homem (Epstein) fez com essas garotas", afirmou Kuvin.

Empresas que se relacionavam com os negócios de Andrew se distanciaram. Além disso, universidades da Austrália também falaram que não teriam mais ligações com a Pitch @ Palace Australia, projeto de negócios do nobre. 

Problema para a realeza

Em novembro de 2019, ele anunciou que se afastaria dos deveres reais diante das reações em torno de sua amizade com Epstein. Conforme ele, o vínculo representou um 'grande problema' para a família real. 

"Ficou claro para mim nos últimos dias que as circunstâncias relacionadas à minha antiga associação com Jeffrey Epstein se tornaram uma grande perturbação no trabalho da minha família e no valioso trabalho que está sendo realizado nas muitas organizações e instituições de caridade que tenho orgulho de apoiar", afirmou em comunicado, como repercutido pelo Today. "Seu suicídio deixou muitas perguntas sem resposta, especialmente para suas vítimas, e simpatizo profundamente com todos os que foram afetados e desejam alguma forma de encerramento. Só posso esperar que, com o tempo, eles consigam reconstruir as suas vidas". 

Registro da polêmica entrevista - Reprodução/Vídeo

A rainha se manifesta

Outro desdobramento relacionado ao caso ocorreu em 2022. Naquele ano, a rainha Elizabeth II removeu as afiliações militares do filho.

Ela também retirou do terceiro filho as organizações beneficentes que tem fundos da família real. Além disso, Andrew foi impedido de usar o título 'Alteza Real'. 

"Com a aprovação e o acordo da Rainha, as afiliações militares e patronatos reais do duque de York foram retornados à Rainha. O duque de York vai continuar a não tomar parte em nenhuma função pública e está se defendendo neste caso como um cidadão privado", explicou um comunicado.

O processo movido pela vítima foi encerrado após um acordo com o príncipe. Se maiores detalhes, o documento alegava que o duque faria uma "doação substancial para a instituição de caridade de Giuffre em apoio aos direitos das vítimas".