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Notícias / Arte

O homem que comprou o Abaporu por US$ 250 mil

Durante uma entrevista, o milionário argentino que comprou a obra há 30 anos afirmou que a pintura ‘não tem preço’

Redação Publicado em 23/08/2023, às 15h49

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Imagem do quadro 'Abaporu', de Tarsila do Amaral - Divulgação / Malba (Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires)
Imagem do quadro 'Abaporu', de Tarsila do Amaral - Divulgação / Malba (Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires)

O bilionário argentino,Eduardo Costantini tem um olhar calibrado para obras de arte latino-americanas. Recentemente, ele adquiriu a escultura "Cobra Grande", de Maria Martins, após um acordo com o galerista Thiago Gomide. Mas sua maior aquisição foi o "Abaporu" de Tarsila do Amaral.

Há trinta anos, Costantini, que também atua como economista e empresário, garimpou uma das obras mais conhecidas da história da arte brasileira em um leilão em Nova York, organizado por Raul Forbes, ex-dono da pintura.

É um ícone da cultura brasileira, fundou todo um movimento [antropofágico], as crianças o aprendem na escola. Não tem preço, não se pode vender essa obra.", afirmou Costantini à Folha de S. Paulo.

Hoje, ele acredita que o quadro vale US$ 50 milhões, aproximadamente, R$ 250 milhões, o que seria quase 40 vezes mais do que pagou em 1995. Quando questionado sobre a retirada da pintura de seu país de origem, o argentino afirma que o quadro está melhor em sua nova casa, no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, o Malba.

Exportação de arte

Conforme repercutido pela Folha de S. Paulo, o bilionário não acredita que obras de arte devem ser mantidas em seu país de origem. Ele argumenta que Frida Kahlo, pintora mexicana, nunca teria sido uma artista renomada se não fosse pela exportação de sua arte. Mas, ele ressalva que a situação de protecionismo deve ser uma "faca de dois gumes", se obras nacionais não saem do país, as estrangeiras também não devem entrar.

Costantini também esclareceu que o "Abaporu" foi cedido ao Malba, mas se manteve exposto ao público e que o Brasil possui prioridade na fila de empréstimos. Além da obra de Tarsila, ele adquiriu outras peças brasileiras durante seus 50 anos como colecionador, sempre com o auxílio de amigos e consultores.

Acervo

Eduardo Costantini soma 37 obras nacionais em sua coleção pessoal e 68 no acervo do Malba. Sua mais nova aquisição foi a pintura "Urso", de Vicente do Rego Monteiro, que o argentino arrematou durante a pandemia. O mesmo se encontra exposto ao lado do "Abaporu".

O argentino é conhecido no meio artístico por sua disposição frente a preços exorbitantes, ele chegou a quebrar seu próprio recorde continental ao adquirir pinturas de Diego Rivera e Frida Kahlo, a mais recente compra foi "Diego e Eu", por US$ 35 milhões, cerca de R$ 175 milhões.

São obras que racham a Terra, estão acima do bem e do mal. Elas aparecem no mercado e te rompem todas as finanças, entende? Não depende de mim", brincou o argentino durante a conversa com a Folha de S. Paulo.

Obrigação social

Costantini se diz um admirador da mentalidade americana, onde a iniciativa privada executa ações de responsabilidade social. Segundo ele, a América Latina tem a tendência de ser mais generosa com a família e não com a comunidade em sua totalidade:

Nos Estados Unidos é quase obrigatório ajudar. O MoMa [Museu de Arte Moderna de Nova York] já ampliou seu prédio cinco vezes, com doações de várias partes. Já nós temos uma cultura mais latina, ficamos mais 'enfrascados' na família. Você cumpre com os termos sucessórios, se sente reconfortado, e a sociedade ganha menos peso.", explicou Costantini durante a entrevista.

Em 2000, ele liderou o projeto de construção do Malba e hoje, 23 anos depois, está erguendo sua segunda unidade a 45 quilômetros de Buenos Aires, em uma região completamente elaborada por sua companhia imobiliária, Consultatio, para servir de herança para as próximas gerações.