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Desventuras / Abaporu

Por que o Abaporu está na Argentina?

Abaporu, famoso quadro de Tarsila do Amaral, símbolo da arte brasileira, não faz parte de um acervo tupiniquim há décadas

Wallacy Ferrari Publicado em 24/09/2022, às 17h00 - Atualizado em 06/10/2022, às 08h48

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O quadro 'Abaporu' - Divulgação / Malba (Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires)
O quadro 'Abaporu' - Divulgação / Malba (Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires)

A Semana de Arte Moderna de 1922 completou seu centenário em 2022, tendo os personagens que compuseram o enaltecimento do modernismo homenageados com exposições e citações em diversos âmbitos.

Contudo, a obra mais famosa do modernismo, quebrando padrões estéticos ligados ao academicismo e afastada dos princípios de proporcionalidade, a pintura 'Abaporu', de Tarsila do Amaral, não está em terras tupiniquins, por mais que a artista e o movimento tenha sido sediado no Brasil.

Ao contrário de sua origem, o quadro compõe o acervo do Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (Malba), na capital da Argentina, desde o ano de 2001, quando a instituição foi fundada — e se engana quem acredita que a obra foi dada de presente aos hermanos.

Retrato da pintora brasileira Tarsila do Amaral (1886-1973) / Crédito: Wikimedia Commons / Domínio Público

Antes de chegar no país vizinho, a peça de arte passou por diversas mãos e chegou a ser negociada internacionalmente, sempre em quantias que impressionam, tanto positivamente quando negativamente, conforme relatou Tarsilinha, sobrinha neta da autora de 'Abaporu', ao portal Nossa, do UOL.

Como chegou na Argentina

Concluída em 1928, a obra foi um presente da artista para o marido Oswald de Andrade, que acabou a devolvendo no processo de separação. Mesmo assim, a expôs por anos, em diversas galerias, até receber uma proposta de Pietro Maria Bardi, colecionador e negociador de arte que auxiliou Assis Chateaubriand a criar o Museu de Arte de São Paulo (MASP).

De acordo com a sobrinha neta, no entanto, Tarsila foi seduzida com a ideia de que o quadro ficaria no MASP, vendendo por um preço muito abaixo do que valia: "Um mês depois, chegou a notícia, por um amigo, de que o Abaporu tinha sido vendido para um colecionador particular por uma fortuna. Ou seja, o Bardi ficou com esse dinheiro. Quando ela ficou sabendo disso, passou mal, ficou super chateada".

O comprador da obra, que não teve a identidade divulgada, vendeu novamente em 1984 para Raul Forbes, que compunha o Conselho da Bolsa de Valores. Com ele, autoridades tentaram tombar o quadro como patrimônio histórico, complicando sua retirada do país durante mais uma venda, em 1995.

Mesmo assim, acabou leiloado em Nova York para o argentino Eduardo Constantini, que fundou o Malba e adicionou a obra nas exposições do local desde seu primeiro dia de funcionamento, até os dias atuais. Na época da compra, a obra alcançou aproximadamente US$ 1,5 milhão, sendo a primeira de origem brasileira a ultrapassar 1 milhão de dólares.