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Notícias / Holocausto

Aliados rejeitaram missão que poderia ter salvo Anne Frank

Documentos revelados por historiador mostram como o Supremo Comando descumpriu ordens de Washington que poderiam ter poupado a vida de dezenas de milhares

Fábio Marton Publicado em 18/04/2018, às 12h45 - Atualizado em 20/04/2018, às 17h01

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Montagem sobre uma das várias fotos de sua adolescência - Acervo pessoal
Montagem sobre uma das várias fotos de sua adolescência - Acervo pessoal

Ao cair das cortinas da Segunda Guerra, em algum ponto entre fevereiro e março de 1945, aos 15 anos, Anne Frank morreu de tifo no campo de Bergen-Belsen. Seu diário, publicado por seu pai, tornou-a uma das mais simbólicas vítimas do Holocausto. 

Tudo poderia ser diferente — e talvez ela estivesse viva até hoje, aos 88, possivelmente anônima — se os aliados tivessem seguido as ordens de Washington e colaborado com um esforço da Cruz Vermelha para enviar uma missão de socorro com medicamentos e alimentos para o campo no qual ela estava presa.

A revelação veio do historiador Max Wallace em seu novo livro In the Name of Humanity: The Secret Deal to End the Holocaust ("Em Nome da Humanidade: O Acordo Secreto para Encerrar o Holocausto", ainda sem tradução). Wallace descobriu documentos inéditos e reconstruiu uma história até agora desconhecida.

A SS nazista e a Cruz Vermelha haviam chegado num acordo para permitir a passagens de caminhões com suprimentos para aliviar a situação em certos campos de concentração.

Bergen-Belsen, o alvo principal, não era um campo de extermínio com Auschwitz: não tinha câmaras de gás. Quando os nazistas queriam matar alguém por lá, transferiram para os outros campos. Ainda assim, cerca de 50 mil de seus prisioneiros morreram por fome, doenças ou exaustão por trabalhos forçados. Ao ser liberado pelos aliados, em 15 de abril de 1945, o complexo, feito para abrigar 10 mil pessoas, tinha 60 mil — e mais 13 mil corpos insepultos, incluindo Anne e sua irmã Margot

Em fevereiro, a situação catastrófica de Bergen-Belsen foi levada à Washington e estudada por várias autoridades, inclusive o secretário de guerra Henry Stimson. De lá saiu a ordem para a liberação imediata da ajuda.

Mas o Comando Central, liderado pelo general (e futuro presidente) Dwight Eisenhower, simplesmente se recusou os liberar veículos e gasolina combinados, exceto para missões direcionadas a campos com prisioneiros de guerra americanos — uma decisão cinicamente calculada, pensando no impacto na opinião pública de negligenciar “nossos garotos” versus “judeus desconhecidos”.

“A culpa final por qualquer morte em campos de concentraçao recai sobre os nazistas, cujas políticas desprezíveis colocou os prisioneiros lá”, afirma Wallace. “Mas a tragédia de Bergen-Belsen ilustra como, mesmo naquele estágio final da guerra, o destino dos judeus europeus não tinha quase qualquer efeito sobre a consciência dos líderes aliados.”