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Notícias / São Paulo

Aniversário de SP: Artivista chama atenção para genocídio indígena na cidade

Arte de Mundano chama a atenção para a verdadeira história da fundação da cidade, nascida em cima de sangue e genocídio indígena

Redação Publicado em 25/01/2023, às 09h26

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Arte de Mundano chama atenção para genocídio indígena na cidade - Divulgação/André D'Elia/@cinedelia
Arte de Mundano chama atenção para genocídio indígena na cidade - Divulgação/André D'Elia/@cinedelia

Nesta quarta-feira, 25, dia em que a cidade de São Paulo completa 469 anos, artistas, coletivos e influenciadores se unem para chamar a atenção para a situação dos povos indígenas no Brasil. Visibilidade que se torna ainda mais alarmante com a tragédia humanitária vivida pelos Yanomamis, na Amazônia.

Uma série de ações foi pensada para trazer luz à violência contra os povos originários, apagada da história oficial de São Paulo e também do Brasil. A versão tradicional da fundação da metrópole sugere uma convivência pacífica com os indígenas. Entretanto, pesquisas mostram que a relação foi bastante conflituosa e com derramamento de sangue.

Na iniciativa, a capital paulista ganhou 25 lambes espalhados por vários pontos da cidade, como os bairros do Sacomã, Barra Funda e Cidade Tiradentes. Os cartazes foram colados por artistas e coletivos de arte, como Micha, Carina Melo, Carolina Itzá, Iskor, André Firmiano e Hulk.

Eles reproduzem a imagem criada pelo artivista Mundano do indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, morto em abril de 2020, em Rondônia. A empena, de 618 metros quarados, foi pintada na lateral de um prédio na rua Quintino Bocaiúva, a poucos metros da Catedral da Sé, centro de São Paulo. Ponto, que hoje abriga o Marco Zero da cidade. 

Empena pintada na lateral de um prédio na rua Quintino Bocaiúva/ Crédito: Divulgação/André D'Elia/@cinedelia

O local foi escolhido por ser, originalmente, território indígena, ocupado em um processo de expulsão e massacre dos povos originários. A pintura de Ari Uru-Eu-Wau-Wau é uma releitura do quadro Bananal, do conceituado Lasar Segall. O grande mural do guerreiro Ari foi feito com terra retirada no Marco Zero e misturada a cinzas de queimadas da Amazônia. 

A luta Uru-Eu-Wau-Wau

A emblemática luta do povo Uru-Eu-Wau-Wau também é tema do filme "O Território", que levou dois prêmios no Festival Sundance, e tem a assinatura de produção-executiva da ativista e indígena Txai Suruí. Com apenas 24 anos, Suruí é uma das vozes da atual geração que reforça a luta indígena e se tornou a única brasileira a discursar no palco da COP-26.

“O apagamento dos indígenas de nossa história é parte do processo de genocídio iniciado há mais de 500 anos e que persiste até hoje, como nos lembra a imagem de Ari Uru-Eu-Wau-Wau. Interromper esse genocídio é urgente. Trata-se de uma questão de justiça humanitária e climática. São as florestas e seus guardiões que garantem a estabilidade do clima no Brasil, o que inclui a própria sobrevivência da cidade de São Paulo”, alerta o artivista Mundano

Os cartazes possuem, ainda, um QRcode, que direciona o usuário à campanha Amazônia de Pé. Um abaixo assinado que visa criar uma lei de iniciativa popular destinando os 57 milhões de hectares de florestas públicas na Amazônia para proteção dos povos indígenas, quilombolas, pequenos produtores extrativistas e Unidades de Conservação, além de prever uma maior criminalização para o roubo de terras: a grilagem. 

Cartaz colado no bairro da Consolação/ Crédito: Divulgação/André D'Elia/@cinedelia

A lei tornou-se ainda mais urgente com a degradação da floresta e a invasão das reservas Yanomamis, que levou à calamidade que presenciamos atualmente. 

Em uma ação paralela, influenciadores e personalidades como Cazé, a diretora e roteiristas Estela Renner e o cantor Felipe Flip participaram de uma visita guiada no centro de São Paulo, que passou pelo Pateo do Colégio até a Catedral da Sé e terminou no painel e compartilharam nas redes sociais vídeos que destacam os territórios e luta dos indígenas como parte da história de São Paulo. Uma iniciativa para inserir a obra e a narrativa dos povos originários no roteiro turístico da capital paulista. 

A História está repleta de cidades que foram varridas do mapa por fatores ambientais e São Paulo poderá ser uma delas. O destino de São Paulo está unido ao destino dos povos indígenas do Brasil”, finaliza Mundano

A colagem dos lambes foi feita entre os dias 22 e 25 de janeiro, contando com a colaboração dos artistas Micha, Carina Mello, Mari Moon, Carolina Itzá, AFolego, Bárbara Goy, Ju Akina, Negana, Carol Simó, Subtu, Iskor, Hullk, Felipe Risada, Thiago Monster, Filite, Rasmoke, Pedro Frazão, 3visao, BANAIS, Slim Rimografia, Claudinei Monteiro, Wera, Átila, Carol Simó e Everaldo Cost.