Em entrevista, ator do filme 'Marighella' falou sobre as infundadas comparações entre o revolucionário e o vandalismo em Brasília
Redação Publicado em 16/01/2023, às 19h04 - Atualizado em 17/01/2023, às 11h15
O ator Bruno Gagliasso, intérprete de Lúciono filme 'Marighella' — que estreia na Globo nesta segunda-feira, 16, em formato de minissérie — condenou as comparações do público à luta de Carlos Marighella com os atos golpistas ocorridos em Brasília em 8 de janeiro.
Carlos Marighella foi um político baiano fundador da ALN e um guerrilheiro comunista, considerado o "inimigo número 1" da Ditadura Militar. Ele foi morto a tiros, em 1969, por agentes do delegado Sérgio Fleury, figura que inspira o personagem de Gagliasso, Lúcio.
Durante entrevista à coluna de Patrícia Kogut, no jornal O Globo, Bruno revelou que as comparações, que surgiram nas redes, entre as ações golpistas contra as sedes dos três poderes em Brasília e as ações do guerrilheiro Carlos Marighella, são "absurdas".
É tão absurdo. Marighella viveu em outra época, era ditadura. É incomparável. São dois momentos históricos distintos, mas que por muito pouco poderiam ser próximos. A minissérie indo ao ar agora vai ser importante para essas pessoas terem um pouco de ideia do que elas estavam pedindo e do que até hoje reivindicam (referindo-se à intervenção militar). Ela vem numa hora muito boa. É um retrato da nossa História que durante muitos anos quiseram apagar. Mas a arte está aí para isso, ela sobrevive. É um filme histórico, político e necessário, principalmente depois do que vimos nos últimos dias. É importante que todos assistam. Mas ele só dialoga com todo mundo que quer dialogar. A partir do momento que você é cego ou não quer escutar, não adianta assistir".
Dirigido por Wagner Moura, o filme estreia na Globo em formato de minissérie e conta em seu elenco com, além de Bruno Gagliasso, Seu Jorge no papel do protagonista e Adriana Esteves, vivendo Clara Charf, companheira de Marighella.
O filme estreou no Brasil apenas em 2021 e no exterior já em 2019, conquistando notoriedade em festivais internacionais de cinema. Em território nacional, o longa foi vencedor de oito estatuetas na última edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
