Acusado de heresia e blasfêmia pelos setores mais conservadores, o Vaticano defendeu, nesta quinta-feira, 4, a benção a casais homossexuais
Redação Publicado em 05/01/2024, às 11h10
Após enfrentar críticas de setores considerados mais conservadores, incluindo referências a heresia e blasfêmia, o Vaticano defendeu, nesta quinta-feira, 4, a prática de abençoar casais homossexuais ou os que estão em "situação irregular".
O cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, emitiu um comunicado esclarecendo pontos da Declaração Fiducia Supplicans, ressaltando a distinção entre bênçãos litúrgicas, como as do matrimônio, e bênçãos pastorais, como as mencionadas.
Em 18 de abril, foi autorizada a bênção a casais homossexuais ou em situação "irregular", desencadeando reações imediatas.
A Conferência Episcopal de Moçambique, por exemplo, anunciou que não seguiria a recomendação. A alegação foi de que abençoar tais uniões "causaria questionamentos e perturbações" nas comunidades cristãs.
Malauí e Zâmbia seguiram a mesma decisão. Vale destacar que este último país é conhecido por penalizar relações homossexuais com prisão de até 15 anos, e até mesmo execução.
Bispos de Angola, Quênia, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Uganda e Zimbábue estão entre os outros clérigos africanos que declararam não abençoar casais do mesmo sexo.
De acordo com o Estadão, Fernández afirmou que "a Declaração contém a proposta de breves e simples bênçãos pastorais (não litúrgicas ou ritualizadas) a casais (não às uniões) irregulares".
Segundo ele, tratam-se de "bênçãos sem forma litúrgica que não aprovam nem justificam a situação em que estas pessoas se encontram", de modo que a doutrina a respeito de matrimônio e sexualidade, por parte da Igreja, não sofreu qualquer alteração.
O Dicastério para a Doutrina da Fé forneceu até mesmo um exemplo do que seria uma "bênção pastoral": "Senhor, olhai para estes teus dois filhos, concedei-lhes saúde, trabalho, paz, ajuda mútua. Livrai-os de tudo o que contradiz o teu Evangelho e concedei-lhes que vivam segundo a tua vontade. Amém", disse o cardeal.
"São 10 ou 15 segundos. Faz sentido negar esse tipo de bênção a duas pessoas que imploram?", questiona o religioso. "Evidentemente, não há espaço para se tomar distância doutrinal desta Declaração ou para considerá-la herética, contrária à Tradição da Igreja ou blasfema", diz o texto divulgado nesta quinta-feira, 4.
