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Empresa dos EUA contrabandeou mais de 5500 peças arqueológicas do Iraque

Eles queriam 'espalhar a palavra de Deus'

Fábio Marton Publicado em 06/07/2017, às 16h18 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h35

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Um dos 5500 objetos contrabandeados pela Hobby Lobby - Departamento de Justiça dos EUA
Um dos 5500 objetos contrabandeados pela Hobby Lobby - Departamento de Justiça dos EUA

A Hobby Lobby, uma vasta rede de lojas de suprimentos para artesanato, acaba de fazer um acordo com a justiça americana aceitando uma multa de US$ 3 milhões e a devolução de mais de 5500 peças arqueológicas para o Iraque. 

A empresa começou a comprá-las em 2009. No ano seguinte, contratou um consultor sobre a legalidade da importação. Ele afirmou que a coisa tinha uma grande chance de ser ilegal, pois os artefatos provavelmente haviam sido roubados - uma ocorrência tristemente comum desde a instabilidade após a Guerra do Iraque em 2003. Ainda assim, a Hobby Lobby prosseguiu com a compra, transferindo as peças para os EUA com notas fajutas, que afirmavam que as eram "amostras de cerâmica".

O que uma empresa de artesanato queria com tabuletas cuneiformes? Pregar a Palavra de Deus.

Devoto fiel da Igreja Batista, David Green, o dono da empresa, afirma que a Bíblia é o melhor livro do mundo, e faz doações para iniciativas de leitura, estudo e distribuição do livro. Ele tem uma coleção de dezenas de milhares de artefatos (44 mil listados em 2012) relacionados à Bíblia e às narrativas bíblicas. São bíblias históricas, pergaminhos de cristãos primitivos e tabuletas em escrita cuneiforme mesopotâmica. O interesse por essas últimas é validar as narrativas bíblicas, como as da época do cativeiro dos judeus na Babilônia. Ainda que a empresa não tenha afirmado isso diretamente, as tabuletas, seriam muito provavelmente parte do acervo do Museu da Bíblia, que ele está construindo em Washington

Em 2011, a Hobby Lobby havia entrado nas notícias ao processar o governo dos EUA por conta de uma lei que obrigava as empresas a pagarem a pílula do dia seguinte às funcionárias. Para Green, seria uma forma de aborto, o que vai contra seus princípios. Em 2014, a empresa teve ganho de causa na Suprema Corte e agora empresas limitadas (isto é, sem ações públicas) podem descumprir regulamentações por conta da fé do dono.

No processo por contrabando, a Hobby Lobby chegou a um acordo com a Promotoria Pública e afirmou ter cometido "erros de principiante" ao importar as peças.