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Notícias / Brasil

"Envergonhada de ser brasileira", diz mulher que teve pescoço pisado por policial sobre absolvição

Vítima, que comparou ocorrido ao caso George Floyd, também teve a perna quebrada pelo agente

Redação Publicado em 25/08/2022, às 12h12

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Mulher que teve pescoço pisado por policial também quebrou a perna - Divulgação / TV Globo
Mulher que teve pescoço pisado por policial também quebrou a perna - Divulgação / TV Globo

A mulher negra que, em maio de 2020, teve o pescoço pisado por um policial militar em Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo, declarou se sentir injustiçada depois que o autor da abordagem foi absolvido.

João Paulo Servato, cuja ação violenta foi filmada por câmeras de segurança, foi inocentado dos crimes de lesão corporal, abuso de autoridade, falsidade ideológica e inobservância de regulamento na última terça-feira, 23.

Além dele, também o cabo Ricardo de Morais Lopes, que participou da ocorrência junto a Servato, foi absolvido das acusações de falsidade ideológica e inobservância de regulamento.

"Ser injustiçada assim é muito triste. Fiquei muito indignada. Fui trabalhar sem chão. Cada dia que passa, a gente fica cada vez mais envergonhada de ser brasileira", afirmou a vítima, que preferiu não ser identificada, ao G1.

"Eu acho que ele [policial] precisa de um tratamento. Não merece usar farda da Polícia Militar. Tem policiais bons que honram a farda. Mas, infelizmente, há os que não honram", ressaltou. Felipe Morandini, o advogado da vítima, disse que irá recorrer da decisão.

Vou lutar até o fim para algo a meu favor. Não precisava ter agredido meu pescoço, pisado nas minhas costelas. Ele merece punição. Se a gente não lutar pelos nossos direitos, quem vai lutar?", disse a mulher.

Impactos psicológicos

A vítima, que era dona de um bar, declarou à fonte que deixou de trabalhar em seu comércio logo após o incidente e que, somente há dois meses, conseguiu um novo emprego, como cozinheira.

"Fiquei dois anos sem trabalhar e sem vida. Só fazendo o básico, como ir no mercado, açougue e casa. Minha mente ficou perturbada, meu psicológico ficou abalado. Minha família sentiu bem isso. O pessoal ficou com medo de represália e até meu filho até perdeu emprego na época. A minha mente nunca mais foi a mesma e a pior dor é a psicológica", afirmou a mulher, que teve a perna quebrada.

"A perna incha todos os dias. Tenho muita dor no calcanhar, no pescoço onde ele bateu. Quando tem mudança de tempo, por exemplo, eu sinto dores no pescoço, ouvido. Ele praticamente esmagou minha cabeça". A vítima ainda chegou a comparar a abordagem sofrida ao caso George Floyd.

Se nos Estados Unidos aquele homem negro, o George Floyd, morreu por não aguentar a agressão, imagina o que causou comigo esse pisão, que sou magra? Costumo falar que eu nasci de novo no dia 30 de maio por ter sobrevivido. Eu tenho dois anos de vida".