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Notícias / Anne Frank

HQ sobre Anne Frank é censurada de escola na Flórida a pedido de grupo conservador

No ano passado, levantamento aponta que houve mais de 1.200 pedidos para censura de livros em bibliotecas dos Estados Unidos. Entenda a polêmica com Anne Frank!

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 17/04/2023, às 13h35

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Ilustração de "O diário de Anne Frank em quadrinhos" (2017) - Divulgação/ Editora Record/ David Polonsky
Ilustração de "O diário de Anne Frank em quadrinhos" (2017) - Divulgação/ Editora Record/ David Polonsky

No último mês, uma escola secundária em Indian River County, costa atlântica da Flórida, gerou uma enorme polêmica ao remover de seu acervo uma história em quadrinhos baseada no Diário de Anne Frank

Tudo começou depois que o grupo conservador Moms for Liberty entrou com um pedido para que a obra 'Anne Frank’s Diary: The Graphic Adaptation' fosse retirada da biblioteca da Vero Beach High School. 

Conforme relatado pela AFP, a líder do Moms for Liberty, Jennifer Pippin, alegou que a HQ minimizava o Holocausto. Desta forma, uma objeção foi levantada ao diretor da escola, que optou por retirar a obra do acervo da escola. 

A polêmica

As questões levantadas pelo grupo conservador dizem respeito, principalmente, a uma cena mostrada na história em quadrinhos onde Anne caminha em um parque. A protagonista, então, se demonstra encantada pelas estátuas femininas nuas e, posteriormente, propõem a uma amiga que uma mostre os seios para a outra. 

A obra 'Anne Frank’s Diary: The Graphic Adaptation' foi analisada por duas vezes antes de ser removida da biblioteca, apontou Cristen Maddux, porta-voz do distrito escolar do condado de Indian River, na segunda-feira da semana passada, 10.

Anne Frank /Crédito: Wikimedia Commons

Apesar da censura a história em quadrinhos, outros livros sobre Anne Frank e cópias de seu diário continuam disponíveis no acervo do centro estudantil. O livro escrito pela adolescente judia vítima do Holocausto se popularizou e é uma das obras mais lidas e vendidas em todo o mundo. 

Outros alvos

Segundo a AFP, uma lei da Flórida obriga as escolas a ensinarem os alunos sobre o Holocausto. Maddux diz que, apesar da proibição da HQ, nada mudou em relação a isso. 

O feedback de que o Holocausto está sendo removido do currículo e os alunos não sabem o que aconteceu, não é o caso".

Além de 'Anne Frank’s Diary: The Graphic Adaptation', a associação Moms for Liberty também conseguiu a remoção de três livros da série ‘Assassination Classroom’. Jennifer Pippin diz que a versão em quadrinhos do Diário de Anne Frank violou os padrões do estado em ensinar o Holocausto com precisão. 

Páginas do diário de Anne Frank / Crédito: Getty Images

Importante ressaltar que, de acordo com levantamento da American Library Association, publicado no mês passado, houve mais de 1.200 pedidos para censura de livros em bibliotecas dos Estados Unidos em 2022 — o maior índice desde que a associação começou a medi-los, há duas décadas. 

Caso brasileiro

Em junho de 2021, conforme reportado pela equipe do site do Aventuras na História, um colégio particular em São Paulo foi procurado por pais de alunos que consideravam que a versão em quadrinhos do “Diário de Anne Frank” estava erotizando a personagem.  

O livro em questão também era a versão em inglês da obra, usada pelos alunos na aula do idioma estrangeiro. Em tradução livre, as partes que causaram polêmica foram: "toda vez que vejo um nu feminino, vou a êxtase" e "esse buraco é tão pequeno que mal consigo imaginar como um homem entra aqui dentro [...] já é difícil enfiar meu dedo indicador dentro". 

Rebatendo as acusações, representantes da Escola Móbile disseram que 'Anne’s Frank Diary: The Graphic Adaptation' é uma versão oficial da história da judia, defendendo que o livro, inclusive, é recomendado pela Fundação Anne Frank e pela Unicef, da ONU — que considera a escrita um patrimônio da humanidade.  

À época, a Fundação Anne Frank se manifestou oficialmente por meio de uma nota divulgada, onde diz considerar as acusações dos pais dos estudantes como "ultrajantes e ridículas".