Segundo estudo, construção, que está submersa a 30 metros de profundidade, pode ser a mais antiga do mundo feita pelo homem
Uma equipe de arqueólogos descobriu que uma pirâmide da Indonésia, um megálito de 30 metros de profundidade submerso em uma colina de rocha de lava, é considerada a pirâmide mais antiga do mundo.
Gunung Padang (que significa "montanha da iluminação" na língua local), foi encontrada por exploradores holandeses em 1890. Acredita-se que ela poder ser a construção mais antiga feita pelo homem, de acordo com a última datação por radiocarbono feita no local.
Os testes apontam que a construção inicial da pirâmide, com centenas de degraus esculpidos em lava de andesito, começou há mais de 16 mil anos — durante a última Idade do Gelo.
Como resultado, Gunung Padang seria 10.000 anos mais velha que todos os grandes monumentos e pirâmides de Gizé, no Egito; e também que o lendário Stonehenge, na Inglaterra. A pirâmide também seria milhares de anos mais velha que o megálito de Göbekli Tepe descoberto na Turquia — que até então possui a alcunha de "mais antigo do mundo".
De acordo com os pesquisadores, em artigo publicado na revista Aological Prospection, a estrutura pode derrubar a sabedoria convencional sobre o quão "primitivas" eram as sociedades de caçadores-coletores — revelando as "capacidades de engenharia das civilizações antigas".
Durante mais de um século, especialista discutiram se a estrutura subterrânea de Gunung Padang se tratava de uma pirâmide artificial ou apenas uma formação geológica natural. Entre 2011 e 2015, o geólogo Danny Hilman Natawidjaja, da Agência Nacional de Investigação e Inovação da Indonésia, liderou uma equipe de arqueólogos, geofísicos e geólogos para sanar essa dúvida.
Com a ajuda de radares de penetração no solo, o grupo obteve imagens do subsolo, além de realizar técnicas de perfuração e escavação de 'trincheiras'; o que permitiu que fosse explorado as primeiras camadas de Gunung Padang — que estão cerca de 9 andares (ou 30 metros) abaixo da superfície.
"Este estudo sugere fortemente que Gunung Padang não é uma colina natural", explicam os arqueólogos no artigo, "mas uma construção semelhante a uma pirâmide". Afinal, no núcleo dela foi encontrada estruturas de pedra de lava "meticulosamente esculpidas" e "maciças" feitas de andesito: uma rocha ígnea de granulação fina.
A camada mais profunda, apelidada de Unidade 4, "provavelmente se originou como uma colina de lava natural", escreveram, "antes de ser esculpida e depois envolvida arquitetonicamente durante o último período glacial", em algum momento entre 16 mil e 27 mil anos atrás.
Com o estudo, os pesquisadores acreditam que Gunung Padang foi construída ao longo de milênios, em "estágios complexos e sofisticados". Depois da Unidade 4, na Idade do Gelo, a construção foi "abandonada pelos primeiros construtores durante milhares de anos".
Entre os anos de 7.900 e 6.100 a.C., a fase seguinte, Unidade 3, foi "deliberadamente enterrada com preenchimentos substanciais de solo". A Unidade 2, a próxima camada de pilares de pedra, degraus e terraço, surgiu entre os anos 6.000 e 5.500 a.C.. Já a camada final, Unidade 1, é mais jovem que algumas pirâmides do Egito, sendo concluída entre 2.000 e 1.100 a.C..
Os construtores da Unidade 3 e da Unidade 2 em Gunung Padang devem ter possuído notáveis capacidades de alvenaria, que não se alinham com as culturas tradicionais de caçadores-coletores", de acordo com Natawidjaja e seus colegas.
"Dada a longa e contínua ocupação de Gunung Padang, é razoável especular que este local teve uma importância significativa, atraindo povos antigos para ocupá-lo e modificá-lo repetidamente", completou.