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Notícias / Descoberta

Milhares de fósseis são descobertos na China e podem revelar detalhes sobre início da vida na Terra

Datados de até 518 milhões de anos, 53 espécies ainda são desconhecidas dos cientistas

Redação Publicado em 22/03/2019, às 09h10

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Paleontólogos trabalham na margem do rio Danshui em Hubei, na China - Divulgação
Paleontólogos trabalham na margem do rio Danshui em Hubei, na China - Divulgação

Mais um passo foi dado na produção de conhecimento sobre um tema intrigante para os cientistas: a origem da vida na terra.

Cerca de 4.351 fósseis de organismos marinhos foram recentemente descobertos nas margens do rio Danshui em Hubei, na China, representando espécies que viveram até 518 milhões de anos atrás, no período do 'boom' de vida na Terra conhecido como Explosão Cambriana.

O evento, no alvorecer da vida animal, marcou a chegada de todos os tipos de criaturas incomuns. Muitas foram extintas no processo evolutivo, mas outros formaram os primeiros ramos robustos da árvore da vida.

Até agora, os fósseis mais impressionantes desse período foram os encontrados em formações rochosas no Burgess Shale, Canadá,  e na formação Chengjiang na China. Os novos fósseis, encontrados perto da junção dos rios Danshui e Qingjiang fornecem informações sobre um ecossistema radicalmente diferente de organismos que viveram na mesma época.

Entre os achados se encontram formas ancestrais de anêmonas do mar, esponjas, vermes, algas, minúsculos invertebrados e artrópodes. Segundo os pesquisadores, os organismos de Qingjiang foram engolidos por um fluxo de lama submarinoque, que os arrastou para as águas mais profundas e frias. Lá, enterrados em sedimentos finos, o processo normal de decomposição foi interrompido, levando à sua excepcional preservação.

Os 4.351 fósseis encontrados até agora incluem 101 espécies, sendo 53 delas desconhecidas pelos cientistas. Diferente de outros achados do período Cambriano, o sítio de Qingjiang tem a característica única de conter tecidos moles como vísceras, olhos, guelras, bocas e outras aberturas ainda visíveis, com potencial de maximizar a produção de conhecimentos sobre evolução animal.

Martin Smith, paleontólogo da Universidade de Durham que não esteve envolvido no trabalho, disse que o novo achado é notável por capturar um momento profundamente importante na história da evolução em detalhes tão incríveis. "Sua qualidade de preservação é surpreendente", disse ele para a revista Science. “Se você mandasse um viajante do tempo de volta ao período cambriano com uma câmera e uma máquina de raios X, as imagens com as quais ele voltaria não seriam nada comparadas a esses fósseis, que preservam detalhes mais finos do que um cabelo humano."

"Esses fósseis nos ajudam a juntar os passos que a evolução tomou de um ancestral comum à rica diversidade de linhagens viva hoje", acrescentou. "Como alguns dos organismos preservados são muito mais simples que seus parentes vivos, eles nos ajudam a entender como órgãos complexos como cérebros podem ser desenvolvidos através de processos evolutivos cegos".

Allison Daley, paleontóloga da Universidade de Lausanne, na Suíça, escreveu suas perspectivas sobre o fato. Segundo ela, duas espécies encontradas se destacam: o primeiro é o kinorhynch, também conhecido como "dragão de lama". Hoje, essas criaturas semelhantes a vermes têm poucos milímetros e vivem em lama macia. Mas os dragões de lama fossilizados tinham até 4 cm de comprimento. "Eu acho que ninguém teria previsto que eles começaram como grandes animais", disse ela.  Outra surpresa, disse Daley, foi o grande número de geléias de pente encontradas no local. Essas criaturas marinhas carnívoras são uma das mais primitivas da árvore da vida, e estudá-las poderia ajudar os cientistas a refazer alguns dos primeiros passos na evolução animal.

"Não é apenas a qualidade dos fósseis que é incrível, é a abundância", disse Daley. “Em toda a minha carreira, nunca pensei que veria e testemunharia a descoberta de um sítio tão bom. Se você fizesse uma lista de desejos com o que gostaria de ver em um sítio de fósseis Cambrianos, seria isso. Certamente este é apenas o primeiro de uma série de estudos de alto perfil, que responderão muitos mistérios sobre os animais cambrianos. ”