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Notícias / Manto sagrado Tupinambá

Museu das Culturas Indígenas vai exibir manto sagrado Tupinambá

Exibição é parte de uma ação para receber um manto Tupinambá que está há mais de três séculos na Dinamarca

Redação Publicado em 11/09/2023, às 15h52

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O manto elaborado por Glicéria Tupinambá - Perola Dutra
O manto elaborado por Glicéria Tupinambá - Perola Dutra

O Museu das Culturas Indígenas (MCI) passará a exibir um manto sagrado confeccionado por Glicéria Tupinambá na comunidade da Terra Indígena de Olivença (BA) a partir da terça-feira, 12. A indumentária engloba o 'Projeto Manto em Movimento', uma ação que visa a recepção do manto que finalmente será devolvido pelo Museu Nacional da Dinamarca para o Brasil em janeiro do próximo ano.

Na instituição, o manto ilustre de Glicéria Tupinambá vai ser recepcionado por representantes do Conselho Indígena Aty Mirim — formado por indígenas de diferentes e etnias e territórios do estado de SP.

Os integrantes vão acolher o manto para seu fortalecimento, já que a indumentária tem um imenso valor espiritual e ritual. A peça é vista como um parente divino vinculado ao mundo dos Encantados e à cosmologia Tupinambá, que é responsável pela conexão com as plantas, os animais, o passado e também o presente.  

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Manto sagrado confeccionado por Glicéria Tupinambá /Crédito: Perola Dutra

A técnica ancestral para confecção do manto sagrado ocorre através conexão Tupinambá entre o mundo material e imaterial — da feitura da agulha, do ponto do jereré à comunicação com os pássaros e à reconexão com as matas. O objeto fora confeccionado com fibra de algodão, tucum, embebidas no mel, revestidas de penas de pássaro como o guará e a arara.  

Com o objetivo de comentar sobre o significado do manto sagrado, a fascinante técnica ancestral do povo Tupinambá e a realização do projeto Manto em Movimento, o Museu das Culturas Indígenas receberá Glicéria Tupinambá, em 14 de setembro, às 18h, para uma palestra que será aberta ao público.  

A inspiração

A confecção dos mantos de Glicéria Tupinambá — artista, ativista, professora e intelectual, natural da aldeia da Serra do Padeiro — se iniciou 2001, quando dois anciãos do seu povo, Aloísio e Nivalda, reencontraram um dos mantos presente na coleção do Museu da Dinamarca.

Inspirada pela reconexão entre os mantos sagrados, Glicéria elaborou três mantos com o apoio da comunidade e a orientação dos mais velhos, visando reencontrar aqueles que foram levados para a Europa.  

O reencontro proposto pelos mantos de Glicéria não compreende uma retomada material. Seu trabalho está conectado ao direito à memória e à ancestralidade, que permite exercer o direito de reaprender e reviver uma tradição, relembrando o modo de feitura e dos rituais que a indumentária representa.  

Na Europa

O manto Tupinambá que está no Museu Nacional da Dinamarca há mais de três séculos será devolvido para o Museu Nacional do Rio de Janeiro em janeiro de 2024. A indumentária é feita de penas vermelhas de guará costuradas em uma malha e mede cerca de 1,80 metros.

O retorno do manto para o Brasil contou com a articulação do embaixador brasileiro na Dinamarca, Rodrigo de Azeredo Santos, do Museu Nacional e da comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro, localizada na ainda não demarcada Terra Indígena Tupinambá Olivença (BA). 

Há registros de 11 mantos Tupinambás em museus europeus. Os artefatos produzidos nos séculos 16 e 17 foram trocados em negociações diplomáticas ou simplesmente saqueados durante a colonização. No Brasil, fisicamente, não restou nenhum.