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Notícias / Paleontologia

Osso de ancestral de dinossauro mais antigo da América do Sul é encontrado no RS

Paleontólogos investigaram um fêmur de dinossauromorfo escavado em um sítio fossilífero no município de Dona Francisca

Isabela Barreiros Publicado em 08/03/2022, às 11h42

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Representação artística dos ancestrais dos dinossauros no Triássico Médio no Rio Grande do Sul - Divulgação/Caetano Soares
Representação artística dos ancestrais dos dinossauros no Triássico Médio no Rio Grande do Sul - Divulgação/Caetano Soares

Paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) estudaram o fêmur do antecessor do mais antigo dinossauro da América do Sul, encontrado em um sítio fossilífero de 237 milhões de anos, situado no município de Dona Francisca, no Rio Grande do Sul.

O osso, descrito em uma pesquisa publicada no periódico científico Gondwana Research, possui 11 centímetros de comprimento e indica que o animal pode ter feito parte do grupo Dinosauromorpha, que inclui dinossauros e seus ancestrais próximos.

Até então, materiais desse tipo não haviam sido encontrados em rochas mais antigas do que as que guardaram registros dos primeiros dinossauros. A Argentina, por exemplo, preserva alguns de seus precursores em pedras de 236 milhões de anos.

Ilustração do dinossauro e o fêmur encontrado / Crédito: Divulgação/Rodrigo Temp Müller/Maurício Silva Garcia

Com o recém-descoberto registro, é possível estimar que os ancestrais dos dinossauros habitaram o continente sul-americano cerca de 1 milhão de anos antes do que se pensava, como reportou a revista Galileu.

“Embora tivéssemos registros dos mais antigos dinossauros no Brasil, ainda não tínhamos registros desses precursores em rochas tão antigas”, explicou o paleontólogo Rodrigo Temp Müller, do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia da UFSM, responsável pela análise em conjunto com Maurício Silva Garcia, estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal, à publicação.

Mesmo tratando-se de um elemento isolado, o novo exemplar serve para mostrar que esse grupo de animais existiu aqui antes do que imaginávamos e também nos estimula a buscar por exemplares mais completos”, acrescentou.

No estudo, os pesquisadores sugeriram que as criaturas seriam pequenas, com cerca de 1 metro de comprimento, assim como indicou a análise do fêmur para o tamanho do esqueleto. A partir disso, é possível entender que os animais tiveram que enfrentar adversidades para crescer e dominarem ecossistemas nos períodos consequentes.

“No momento em que esses precursores dos dinossauros surgiram, as faunas estavam dominadas por parentes distantes dos mamíferos e também por animais relacionados com a linhagem dos crocodilos”, destacou Müller. “É possível que a forma de locomoção (bípede) e algum fator fisiológico tenham tido um papel fundamental no sucesso posterior do grupo”.