Em uma de suas maiores obras, a escritora francesa escreveu sobre o aborto ilegal que fez na juventude
Ingredi Brunato, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 06/10/2022, às 10h35
A edição de 2022 do prêmio Nobel de Literatura foi concedido à escritora francesa Annie Ernaux, que tem 82 anos e escreveu quase 20 livros no decorrer de sua vida. Em seus romances, que frequentemente são autobiográficos, a artista se foca em assuntos da vida cotidiana.
Pela coragem e acuidade clínica com que desvenda as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal", anunciou a Academia Sueca em relação à sua decisão de premiá-la.
Uma das obras mais impactantes de Ernaux, que se chama "O Acontecimento" e foi lançada no ano de 2000, a mulher escreve sobre a experiência de ter se submetido a um aborto na França de 1963, quando a cirurgia ainda era ilegal. Na época, a escritora tinha 23 anos.
O íntimo livro inspirou ainda um filme, de 2021, que levou o mesmo nome, e conquistou um Leão de Ouro no Festival de Veneza, demonstrando o poder da história relatada.
Outras obras relevantes da francesa são "Armários Vazios", "O Lugar" e "A Vergonha", em que se aprofunda em outros assuntos pessoais, como sua infância, a morte de seu pai, suas vivências ao frequentar uma rígida escola religiosa, e a França do pós-guerra.
De forma consistente e de diferentes ângulos, [Ernaux] examina uma vida marcada por fortes disparidades em relação a gênero, idioma e classe", afirmou ainda Anders Olsson, o presidente do comitê do Nobel, conforme repercutido pelo The Guardian.
Vale mencionar que a artista é a 16ª escritora francesa a ganhar o prêmio de literatura.
