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Notícias / Ditadura Militar

Raul Seixas não delatou Paulo Coelho durante a ditadura, revelam documentos

Um novo personagem foi incluído na história, indicando uma confusão feita pelos agentes do Dops

Isabela Barreiros Publicado em 30/05/2020, às 11h14

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Raul Seixas e Paulo Coelho, parceiros musicais - Wikimedia Commons
Raul Seixas e Paulo Coelho, parceiros musicais - Wikimedia Commons

No ano passado, o crítico musical Jotabê Medeiros publicou a biografia de Raul Seixas Não Diga Que A Canção Está Perdida (2019). O livro despertou novamente a teoria de que o artista teria entregado seu parceiro musical, o famoso escritor Paulo Coelho, para o Dops (Departamento de Ordem Pública e Social), durante a ditadura militar.

A suspeita ocorreu devido a um documento do Centro de Inteligência do Exército, em que constava que Raul havia sido interrogado antes da prisão de Paulo. O carioca foi encarcerado e torturado durante duas semanas.

A situação intriga até hoje. Paulo não fazia parte de nenhuma organização à esquerda nem contra o governo, e, por ter uma vida pública muito conhecida, não poderia viver uma militância secreta. Além disso, a amizade entre os artistas continuou após a tortura.

Paulo Coelho e Raul Seixas em 1973 / Crédito: Instituto Paulo Coelho

Agora, documentos que já haviam sido apresentados em uma tese defendida na Universidade de São Paulo (USP) em 2016 revelam que isso pode ter sido consequência de uma confusão feita pelos militares. O pesquisador Lucas Marcelo Tomaz apresentou um novo personagem à história, o militante de esquerda Paulo Coelho Pinheiro.

Os nomes parecidos dos Paulos podem ter confundido os agentes do Dops, que prenderam o escritor em vez do ativista, a partir de uma ficha. O único filho do militante, Diogo Pinheiro, de 34 anos, foi entrevistado recentemente e colabora para nova teoria.

“É o nome do meu pai, o partido em que ele atuava. Ele já estava foragido. Em 1970, ele conseguiu fugir para a França e escapou de ser preso e torturado. Voltou ao Brasil depois da Anistia e teve uma vida normal até morrer, em 2011. (…) Lamento, porém, que a repressão tenha confundido a identidade dele com a do Paulo escritor e que, por isso, ele tenha sofrido tanto. Sinto muita dor por isso”, disse Pinheiro em entrevista à Folha de S. Paulo.