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Notícias / Cinema

Resenha: O Paciente – A morte de Tancredo Neves

Thriller tenta elucidar a misteriosa morte do primeiro presidente da democracia, em 1985

Thiago Lincolins Publicado em 12/09/2018, às 13h00 - Atualizado às 15h40

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Os momentos finais do presidente  - Reprodução / Paris Filmes
Os momentos finais do presidente - Reprodução / Paris Filmes

Era 14 de março de 1985 quando a diretoria do hospital de Base do Distrito Federal, em Brasília, recebeu uma chamada de urgência. Naquela noite, um paciente notório daria entrada na casa - reclamava de fortes dores abdominais e mal conseguia ficar de pé. A sua estadia deveria ser discreta - um deslize poderia causar um escândalo nacional. O enfermo era Tancredo de Almeida Neves, presidente eleito do Brasil, que assumiria no dia seguinte. No momento, iniciava-se um sofrimento que resultou em sete cirurgias e a agonia nacional de uma morte repleta de questões.O Paciente - O Caso Tancredo Neves, dirigido por Sérgio Rezende e baseado na obra de mesmo nome, do historiador Luís Mir, chega aos cinemas na quinta-feira, 13 de setembro. "Pensamos em contar essa história em um ritmo de Thriller para não deixar o espectador piscar", diz Rezende durante a coletiva de imprensa, em São Paulo. O diretor ainda explica que todo o roteiro foi feito por cima da obra de Mir. 

Tancredo Neves, eleito presidente Wikimedia Commons

Político tradicional, que começara sua carreira em 1935, Tancredo se viu na posição de grande esperança do fim do regime militar. O país havia passado pelo massivo movimento das Diretas Já, que não atingiu seu objetivo, as eleições diretas para o próximo presidente. Mas conseguiu que um opositor fosse eleito indiretamente, pelo pelo Congresso, para suceder o último general, João Batista Figueiredo. Assim, em 15 de janeiro de 1985, Tancredo foi apontado para o cargo, que assumiria em 15 de março. Faltava tomar posse. 

Trágedia

Ao dar entrada no hospital em março de 1985, a principal preocupação do futuro chefe de Estado era com a posse que estava marcada para o dia seguinte. Chegou a afirmar para os médicos: “Façam de mim o que quiserem, depois da posse!”. Inicialmente, Tancredo foi diagnosticado com apendicite e necessitava urgentemente de uma cirurgia - na qual relutou até o último momento.

A partir daí, o que se viu foi uma sucessão de laudos incorretos e inúmeros casos de fake news responsáveis por confundir a cabeça do povo brasileiro e até da própria família. “O Tancredo de certa maneira uniu o Brasil em dois momentos. O primeiro na esperança. E o segundo no desespero, quando morreu. Acho que foi um momento grandioso na história brasileira”, diz Rezende.

Othon Bastos interpreta Tancredo Neves no filme Reprodução / Paris Filmes

Com filmagens da época e cenas realistas, o filme leva o espectador de volta a 1985 e o faz sentir na pele os momentos de aflição protagonizados por Othon Bastos, que, ao interpretar o presidente, se vê a cada minuto mais distante do sonho que lutou para conquistar. O longa-metragem também surpreende ao mostrar a insólita competição entre os médicos envolvidos no caso, que a todo o momento se mostraram tão preocupados em salvar o futuro do Brasil que acabaram esquecendo que ali agonizava um paciente.

"Ele poderia ter tomado posse, não havia sangramento, não havia urgência. Ele foi mal diagnosticado. Havia uma suspeita diagnóstica de que um processo infeccioso estivesse se instalando. Eles não entraram com o antibioticoterapia que já existia na época e fizeram um ultrassom onde deu um erro de diagnóstico grosseiro", diz Mir, "Foi uma sucessão de eventos que o levaram a óbito”.

O filme recriou a foto do presidente se recuperando de uma das 7 cirurgias Reprodução / Paris Filmes

O Paciente não falhou ao dar vida à obra de Luís Mir. O filme narra com fidelidade os dias finais da vida de Tancredo, a gravidade dos trágicos procedimentos cirúrgicos aos quais foi submetido, a dor dos familiares e o medo vivido pelo povo brasileiro."Não é um filme sobre o Tancredo. Eu acho que é na verdade um filme sobre a morte do Tancredo Neves, a tragédia da sua morte", explica Rezende.


Confira o trailer: