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Notícias / EUA

Segregação racial e sorvete de baunilha: o que esses dois temas têm em comum?

Durante décadas, a população negra norte-americana foi impedida de frequentar os mesmos espaços que os brancos e sofreu diversas formas de racismo

por Giovanna Gomes

ggomes@caras.com.br

Publicado em 04/10/2023, às 18h30

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Placa de restaurante de Lancaster, Ohio, indica que o local atende apenas clientes brancos. 1938. / Imagem ilustrativa de sorvete - Ben Shahn via Wikimedia Commons / Imagem de Kanyarattlr0 por Pixabay
Placa de restaurante de Lancaster, Ohio, indica que o local atende apenas clientes brancos. 1938. / Imagem ilustrativa de sorvete - Ben Shahn via Wikimedia Commons / Imagem de Kanyarattlr0 por Pixabay

A história dos Estados Unidos é, infelizmente, marcada por uma profunda discriminação racial e segregação, sobretudo durante o período de segregação racial no Sul do país. Essa situação foi determinada pelas leis "Jim Crow", que, durante décadas, mantiveram negros e brancos separados em espaços públicos — o que incluíam também restaurantes e lanchonetes.

E como se isso não bastasse, havia ainda costumes que, embora não estabelecidos por leis, tornavam ainda mais extremo o racismo nos EUA. Um desses costumes era a prática de desencorajar pessoas negras de serem vistas em público tomando sorvete de baunilha, exceto, como a narrativa frequentemente relata, no Dia da Independência, o 4 de julho. As informações são de uma matéria do jornal The Guardian. Era uma maneira de enaltecer os brancos.

Imagem ilustrativa de sorvete / Crédito: Imagem de DarkoStojanovic por Pixabay

Sobre o tema, a fonte destaca um trecho da biografia da escritora Maya Angelou no qual a questão do sorvete de baunilha é mencionada.

As pessoas em Selma costumavam dizer que os brancos em nossa cidade eram tão preconceituosos que um negro não podia comprar sorvete de baunilha. Exceto no Dia da Independência. Nos outros dias, tinha que se contentar com sorvete de chocolate", escreveu Angelou.

Experiência semelhante

A poetisa falecida Audre Lorde compartilhou uma experiência semelhante à de Angelou em sua autobiografia "Zami: A New Spelling of My Name" (Zami: Uma Nova Ortografia do Meu Nome).

Quando era criança, Lorde visitou Washington DC com sua família, em data próxima do Dia da Independência, e seus pais desejavam presenteá-la com sorvete de baunilha em uma lanchonete.

No entanto, eles foram rejeitados pela garçonete e tiveram o atendimento negado. Lorde expressou sua decepção em relação à sua família e suas irmãs por não terem condenado o ato como sendo nada além do que "antiamericano".

Cafeteria com entradas separadas para brancos e negros na Carolina do Norte. 1940. / Crédito: Jack Delano via Wikimedia Commons

A garçonete era branca, o balcão era branco, e o sorvete que eu nunca comi em Washington DC naquele verão que deixei na infância era branco, e o calor branco e o pavimento branco e os monumentos de pedra branca do meu primeiro verão em Washington me deixaram doente até o estômago pelo resto da viagem", escreveu a autora.

Racismo institucionalizado

É possível que a recordação da recusa de sorvete de baunilha não seja uma lembrança literal para a maioria das pessoas, mas sim apenas um comentário, como destaca a fonte. O tema, no entanto, nos leva a uma reflexão sobre as profundas implicações psicológicas do racismo institucionalizado na sociedade americana.