Tropas russas ficaram até cinco semanas no local do norte da Ucrânia
Éric Moreira sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 09/05/2023, às 08h04
No dia 24 de fevereiro de 2022, teve início um dos conflitos mais conturbados do século XXI: a chamada "guerra da Ucrânia", com a invasão de tropas russas no território do país. Desde então, vem-se observando um constante avanço da Rússia por diversas regiões ucranianas, entre elas, a famosa Chernobyl, área contaminada por radiação até hoje devido ao acidente nuclear mais famoso da história, ocorrido em 26 de abril de 1986, cuja limpeza total está prevista para terminar somente em 2065.
Visto isso, de acordo com o The Independent, soldados russos que ficaram abrigados na chamada "Zona de Exclusão de Chernobyl" — área de 2.600 km² em torno da usina, que é a mais contaminada — desde o início da invasão à Ucrânia até 1º de abril do mesmo ano, um total de cinco semanas, vem apresentando doenças devido a exposição à radiação.
Como aponta a Revista Galileu, a região de Chernobyl recebia turistas até o início da invasão, contanto que algumas regras de segurança — como uso de mangas compridas, não ficar manuseando o solo e evitar a "floresta vermelha", uma área num raio de 10 km da usina — sejam obedecidas. Isso porque a alta taxa de radiação na região se deve pelo fato de as árvores e o solo dali terem absorvido grande quantidade de material radioativo.
No entanto, tais precauções não foram seguidas à risca pelos soldados russos. Registros de drones comprovam que eles não só escavaram o solo, para a construção de trincheiras, como também pescaram bagres no local, de acordo com o The Independent.
Vale lembrar que os peixes da lagoa que a usina utilizava para resfriamento, no passado, são conhecidos por serem bem maiores que o normal, mesmo que não saibam se isso tenha relação com a radioatividade ou não.
Então, em maio de 2023, começaram a surgir notícias pelo mundo todo de que alguns soldados russos começaram a desenvolver doenças devido à exposição. Uma reportagem da Times conta, ainda, que ucranianos locais que não evacuaram a área alertaram os invasores sobre o risco, mas eles apenas os ignoraram.
Por fim, não se sabe se os soldados russos sabiam, de fato, dos perigos da exposição à região de Chernobyl, em uma estadia de cinco semanas. Por isso, compreende-se que, sim, existe a possibilidade de contaminação ter ocorrido no período.
Os sintomas que alguém pode apresentar após a alta exposição à radiação podem começar a aparecer a partir de uma hora de contato, e se prolongar por até vários meses. Muitas vezes, esse contato pode até mesmo levar à morte, devido a complicações hematológicas, gastrointestinais, neurológicas, pulmonares e em outros órgãos.
