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Matérias / História

Assassinato? Fuga? O que aconteceu com os Príncipes da Torre?

Em meados do século 15, os herdeiros de Edward IV da Inglaterra foram trancados na Torre de Londres e nunca mais foram vistos; entenda mistério!

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 29/11/2023, às 20h55 - Atualizado em 01/01/2024, às 10h44

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Os príncipes Edward V da Inglaterra e Richard de Shrewsbury, Duque de York, os "Príncipes da Torre" - Domínio Público via Wikimedia Commons
Os príncipes Edward V da Inglaterra e Richard de Shrewsbury, Duque de York, os "Príncipes da Torre" - Domínio Público via Wikimedia Commons

Ao longo da História, não foram somente questões políticas que definiram os rumos de algumas importantes nações. Isso porque, na verdade, principalmente quando se remonta a períodos em que o mundo era comandado por monarquias, fatores importantes eram as questões familiares.

Nesse contexto, não é surpreendente se deparar com histórias por vezes absurdas, nas quais irmãos se tornavam inimigos e familiares matavam uns aos outros, em nome da perpetuação de poderes. E em meio a essas confusões histórias, uma que chama bastante atenção é a dos famosos "Príncipes da Torre".

+ De drama familiar a acusação de assassinato: O mistério dos Príncipes na Torre em 5 curiosidades

Filhos do rei Edward IV da Inglaterra e da rainha consorte Isabel Woodville, Edward V da Inglaterra e seu irmão, Richard de Shrewsbury, Duque de York, marcaram a História com um dos desaparecimentos mais misteriosos e que, mais de cinco séculos depois, segue sem solução. Porém, teorias para tentar encontrar a resposta para esse evento não faltam. Relembre!

Disputa pelo trono

Nas monarquias, é comum que quando o rei morra, seu filho homem mais velho o substitua no trono. Caso isso não seja possível, o sucessor seria outro filho — sempre com preferência aos mais velhos — ou, em casos mais extremos, até mesmo um possível irmão do rei. E todas essas peças existem na história dos Príncipes da Torre.

Em abril de 1483, Edward IV faleceu repentinamente, aos 40 anos. Seu sucessor, Edward V, porém, tinha apenas 12 anos quando a tragédia ocorreu — o menino mais novo tinha 9 —, tornando-se assim um rei jovem.

Contudo, a ganância do seu tio, Richard III fez com que o Parlamento declarasse os garotos como bastardos e, em seguida, o coroasse rei, a partir da emissão de um documento conhecido como Titulus Regius.

O rei Ricardo III / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Nesse contexto, Richard ainda mandou prendê-los na Torre de Londres — na época uma residência da realeza, além de uma prisão —, e foi aí que se instaurou o mistério: os dois garotos não foram mais vistos. E é claro que, a partir de um evento mal-explicado, muitas teorias foram levantadas para tentar explicar o destino dos meninos.

Desde o desaparecimento, uma teoria comum é de que os dois príncipes teriam sido assassinados a mando do tio, Ricardo. Essa hipótese ganhou ainda mais força depois que, no século 17, foram encontrados os restos mortais de duas crianças na escadaria da Torre de Londres. Porém, a historiadora Philippa Langley acredita que a verdadeira história pode ter sido bem diferente.

Fuga

De acordo com o The Telegraph, Langley encontrou documentos que, de maneira inédita, sugeriam a fuga dos dois príncipes, em vez da morte no local em que foram trancafiados. Um desses documentos, inclusive, seria um relato de Richard — o príncipe mais novo — escrito uma década depois do desaparecimento dos irmãos. Nele, o autor descreve como foi contrabandeado para fora da Torre de Londres por Henry e Thomas Percy.

"Eles rasparam meu cabelo e vestiram uma camisa pobre e sem graça e fomos para a [doca] de St Katharine", descreve o relato. Então, eles teriam viajado de barco, onde desembarcaram "nas dunas” em Boulogne-sur-Mer, antes de viajar para Portugal. O nível de detalhes no documento levavam Langley a duvidar que poderia ser mentira.

Para averiguar a veracidade do documento, especialistas independentes o analisaram e, de fato, autenticaram-no como sendo escrito na época. No entanto, não existe qualquer evidência de que Richard teria sido, de fato, o autor.

O rei Eduardo IV / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Reconquista

Outro documento que chamou bastante a atenção de Langley foi um escrito em 1483 que, surpreendentemente, parece ostentar um selo real e a própria assinatura de "Richard , Duque de York". Nele, o autor — possivelmente Richard — promete pagar 30 mil florins, uma unidade monetária da época, ao Duque Albert da Saxónia em apenas três meses, depois que reconquistasse o trono inglês.

Além disso, em 1495, desembarcou na Inglaterra com um pequeno exército um homem que afirmava ser Richard. A invasão, porém, não teve muito sucesso, e as tropas fugiram para a Escócia.

Dois anos depois, tentaram realizar o avanço mais uma vez, e então o possível Richard foi capturado. Como resultado, ele assinou uma confissão, na qual declarava ser filho de um barqueiro chamado Perkin Warbeck — porém, para Langley, ele realmente pode ter sido Richard.

Não bastassem estes indícios, outro documento ainda afirma que o rei Maximiliano, líder do Sacro Império Romano, teria identificado um homem como o príncipe Richard, a partir de três marcas de nascença distintas. 

E Edward?

Apesar de a figura de Edward ser a mais mencionada, Langley acredita ter encontrado documentos que também indicam a fuga de Edward, que teria tentado reconquistar seu direito ao trono.

Um deles seria um recibo francês de 1487, de armas, para uma invasão de York à Inglaterra, em nome de Margaretda Borgonha, a tia dos príncipes, que afirmava que a invasão seria liderada por seu sobrinho, filho de Edward IV, que teria sido "expulso de seu domínio."

O jovem Eduardo V como rei / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

E de fato, ocorreu uma invasão na Inglaterra, liderada por um jovem chamado Lambert Simnel. No entanto, ele foi capturado na Batalha de Stoke Field e, preso, alegou ser realmente Edward. Por outro lado, muitos historiadores possuem relutância com essa história, mas Langley realmente acredita que Simnel era, de fato, o herdeiro legítimo do trono.

No entanto, uma história tão antiga segue sem um desfecho, e muitas teorias ainda correm pelo meio acadêmico para tentar explicar, definitivamente, qual foi o verdadeiro destino dos Príncipes da Torre.